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‘As religiões de matriz africana veem o meio ambiente como divindades’

Luzineide Borges, diretora do Ministério da Igualdade Racial, ressalta a importância da participação dos povos de religiões de matriz africana nos debates ambientais e climáticas
Luzineide Borges é uma mulher negra, com óculos de grau e lenço colorido na cabeça.

Foto: Vinicius Martins/Alma Preta

9 de dezembro de 2023

Oxum, as águas doces, Yemanjá, a água do mar, Ossain, as plantas. Os orixás, materializados e representados pela natureza, propõem para os praticantes das religiões de matriz africana uma relação de amor e cuidado com o meio ambiente.

Apesar de ainda distantes das rodadas de negociações sobre as mudanças climáticas e mesmo de eventos como a COP 28 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), que ocorre em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, desde 30 de novembro, os terreiros e espaços das religiões de matriz africana são locais de culto e exaltação à natureza.

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“As religiões de matriz africana veem o meio ambiente como divindades. Nós somos um povo que cultua a natureza”, afirma Luzineide Borges, diretora de políticas para povos e comunidades tradicionais de matriz africana e povos de terreiro, do Ministério da Igualdade Racial (MIR).

A diretora compõe a delegação do ministério na COP 28 e destaca a relação de simbiose entre meio ambiente e as religiões de matriz africana. “Todas as nações não existiriam se não cultuassem a natureza”. 

Luzineide Borges participou de um painel organizado pelo Instituto de Estudos da Religião (ISER) com o tema de “Religião e Espiritualidade como temas chave para garantir a justiça climática”. Ao lado de figuras como Ronilson Pacheco, integrante do ISER, Selma Dealdina, coordenadora da CONAQ, Fray Scarel, Movimento Laudato Si, da Argentina, Luzineide Borges destacou ações feitas pelo MIR em parceria de outras pastas a nível federal.

Ela falou do esforço que tem sido desenvolvido para a construção de orientações para garantia de regularização fundiária dos territórios, assegurar as estratégias dos terreiros para preservação ambiental, entre outras medidas.

COP 30 em Belém

Por isso, ela tem uma expectativa de ver as lideranças de terreiro com maior espaço de escuta nas discussões sobre o futuro climático do planeta. A COP 30, em Belém (PA), é vista como uma grande possibilidade de se concretizar essa meta.

“​​A luta pela preservação do território pertence também aos povos de matriz africanas e povos de terreiro. A nossa presença na COP 30 é importantíssima não só para falar e para denunciar sobre a questão do racismo ambiental”, pontua.

Para Luzineide, as religiões de matriz africana têm a possibilidade e o papel de pautar, para além das violências sofridas, caminhos futuros para a resolução dos problemas climáticos do mundo. “Nós podemos apresentar propostas de preservação do ambiente como um todo, da natureza da do ecossistema, sem essa desvinculação de homem e a natureza, da mulher e a natureza”.

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  • Pedro Borges

    Pedro Borges é cofundador, editor-chefe da Alma Preta. Formado pela UNESP, Pedro Borges compôs a equipe do Profissão Repórter e é co-autor do livro "AI-5 50 ANOS - Ainda não terminou de acabar", vencedor do Prêmio Jabuti em 2020 na categoria Artes.

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