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Autor da lei da ‘meia-entrada’, candidato à reeleição na Câmara do Rio defende tarifa zero

Eleito como o deputado federal negro mais votado em 2006, Edson Santos busca sua sétima reeleição como vereador do Rio
A imagem mostra o vereador e candidato à reeleição, Edson Souza, em sessão na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Foto: Reprodução / Redes Sociais

2 de outubro de 2024

Na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, os candidatos a vereadores disputarão mais uma legislatura no próximo domingo (6). Entre os políticos representantes da comunidade negra fluminense, o vereador e ex-deputado federal Edson Santos (PT) se destaca com um dos mais longevos mandatos no legislativo municipal e busca a reeleição pela sétima vez.

Edson Santos de Souza, 70 anos, é formado em Ciências Políticas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), local onde iniciou sua trajetória política no movimento estudantil. Desde então, o candidato cumpriu dois mandatos como deputado federal, entre 2007 e 2015, e seis legislaturas como vereador do Rio, das quais cinco foram consecutivas. 

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Souza também chefiou a Secretaria de Políticas de Promoção de Igualdade Racial (SEPPIR) durante o segundo mandato de Lula (2008-2010).

Em entrevista à Alma Preta, o parlamentar compartilhou as principais articulações de seus mandatos anteriores e quais as estratégias desenhadas para os próximos quatro anos, caso seja reeleito.

Alma Preta: Qual foi a política mais importante que o candidato conseguiu implementar no Rio durante os mandatos anteriores, e por que você a considera a mais importante?

Edson Santos: As discussões que envolvem a aprovação do Plano Diretor para o Rio são sempre discussões importantes e conflitantes. É preciso garantir que os interesses dos trabalhadores e dos mais pobres sejam representados ou corremos o risco de entregar a cidade para os interesses dos mais poderosos. Além disso, minha participação como vice-relator da Lei Orgânica e no desenvolvimento desse plano foi crucial para promover um crescimento sustentável e inclusivo. 

Mas meu grande orgulho é ter sido o autor da primeira Lei da Meia-Entrada no Rio de Janeiro, que garante acesso à cultura e ao lazer, especialmente para os jovens. Essa legislação é fundamental para democratizar o acesso e promover a cidadania. Fiquei muito feliz quando vi que o país seguiu o exemplo que começamos aqui no Rio. Hoje, a Lei de Meia-Entrada é uma realidade e uma garantia.

Alma Preta: Quais são as principais propostas do candidato? 

Edson Santos: Uma das minhas principais propostas é a implementação da Tarifa Zero no transporte público. Essa medida é vital para garantir que todos tenham acesso à mobilidade, aliviando a carga financeira das famílias e incentivando o uso de transporte público, o que beneficia a cidade como um todo. Além disso, é fundamental melhorar a educação municipal e utilizar os investimentos do Governo Lula de forma estratégica para transformar a vida dos jovens no Rio. 

A educação é a verdadeira ferramenta de transformação social; ela capacita nossos jovens, oferecendo-lhes oportunidades e um futuro mais promissor. Investir em educação é garantir que eles possam competir no mercado de trabalho e romper ciclos de desigualdade. Ao priorizar essas áreas, estaremos construindo um caminho sólido para um futuro mais justo e sustentável para todos os cidadãos.

Alma Preta: E em relação à política urbana da cidade, quais os projetos da sua campanha?

Edson Santos: Minhas propostas para a política urbana incluem a revitalização do Centro e a implantação da Tarifa Zero no transporte público. A revitalização do Centro é essencial para reerguer uma área que é o coração da nossa cidade. Pretendemos transformar o Centro em um espaço mais acolhedor, com melhorias na infraestrutura, aumento de áreas verdes e incentivo ao comércio local. Isso não só atrai mais visitantes, mas também gera empregos e promove um ambiente urbano mais vibrante. 

Quanto à Tarifa Zero no transporte público, acredito que é uma medida fundamental para garantir a mobilidade de todos os cidadãos. O acesso gratuito ao transporte não apenas alivia a carga financeira das famílias, mas também incentiva o uso de transporte público, contribuindo para a redução do trânsito e da poluição. Um sistema de transporte acessível é um direito e, ao implementá-lo, estaremos investindo em uma cidade mais justa e sustentável.

Alma Preta: Como a vereança pode incidir na luta contra o racismo?

Edson Santos: Acredito que a vereança tem um papel crucial na luta contra o racismo, principalmente por meio da criação e implementação de políticas públicas que promovam a igualdade racial. Precisamos desenvolver programas que incentivem a inclusão de afrodescendentes em todas as esferas, especialmente na educação e no mercado de trabalho. 

Além disso, é fundamental promover campanhas de conscientização e educação nas escolas e comunidades, desafiando preconceitos e promovendo o respeito à diversidade. Sou vice-presidente da Comissão de Combate ao Racismo no Rio de Janeiro. […] A vereança se torna um instrumento de transformação social, combatendo ativamente o racismo e promovendo uma cidade mais justa e igualitária.

Alma Preta: As Câmaras brasileiras são amplamente de direita.  Como é possível agir nesse ambiente para garantir o avanço de propostas antirracistas?

Edson Santos: Reconheço que o ambiente das Câmaras brasileiras muitas vezes é dominado por uma agenda de direita, mas isso não impede que avancemos com propostas antirracistas. A chave para garantir essas mudanças está na construção de alianças estratégicas e na mobilização da sociedade civil. Primeiramente, precisamos dialogar com todos os vereadores, independentemente de suas orientações políticas, para conscientizá-los sobre a importância da igualdade racial. Muitas vezes, é possível encontrar pontos de convergência em propostas que beneficiem a população como um todo.

Além disso, devemos fortalecer a participação da comunidade, envolvendo organizações de defesa dos direitos humanos e coletivos antirracistas. Essa mobilização é fundamental para pressionar os legisladores e garantir que as vozes da população negra sejam ouvidas.

  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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