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Benedita da Silva vai acionar justiça contra Carla Zambelli por fala racista

Deputada federal petista foi chamada de "Chica da Silva" durante live da parlamentar do Partido Liberal
Imagem de Benedita da Silva, deputada federal vítima de racismo pela parlamentar bolsonarista Carla Zambelli, na última terça-feira (2).

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

3 de julho de 2024

A deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) afirmou ao veículo O Globo que acionará judicialmente a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), após a parlamentar bolsonarista a chamar de “Chica da Silva” durante uma live. Na ocasião, Zambelli reclamava de não ter poder de fala na Reunião de Mulheres Parlamentares do P20, que começou na última segunda-feira (1) em Maceió (AL).

“Não sei por que que não vou falar. Parece que já foi montada pela Secretaria da Mulher, que é a Chica da Silva”, disse Zambelli. Francisca da Silva de Oliveira, ou simplesmente Chica da Silva, é uma figura histórica. Trata-se de uma mulher escravizada do século 18 que obteve alforria e rompeu barreiras sociais ao se tornar uma figura proeminente e poderosa em Arraial do Tijuco, atual Diamantina, em Minas Gerais. Sua história inspirou livros, filmes e telenovela. 

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A comparação de Benedita, mulher e política negra, com uma escravizada que conquistou alforria, em tom de deboche, foi apontada como racismo por diversas personalidades e lideranças negras, inclusive pela própria vítima, que enfatizou que já foram tomadas providências e que Zambelli terá que responder por sua declaração.

Após repercussão, a assessoria de comunicação de Zambelli emitiu uma nota afirmando que a deputada “equivocou-se em uma transmissão ao vivo realizada em uma rede social, e confundiu o nome da deputada Benedita da Silva”.

“Imediatamente quando percebeu o ocorrido, Zambelli apagou a publicação de suas redes e se desculpou com a deputada Benedita. A conversa foi amigável e houve compreensão da situação. Zambelli lamenta o referido lapso, mas torna público que não houve qualquer intenção de ofensa à sua colega de Parlamento”, diz o comunicado.

Bancada do PT repudia fala de Zambelli

Nesta quarta-feira (3), a Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados manifestou solidariedade à Benedita da Silva e declarou repúdio às “manifestações de cunho racista proferidas pela deputada federal Carla Zambelli”.

“Ao fazer esta comparação com a personagem histórica, uma mulher negra escravizada e alforriada, Zambelli se utiliza do racismo para tentar constranger e humilhar a deputada Benedita. A trajetória de Benedita da Silva, a nossa Bené,  é orgulho para as mulheres, para o povo negro e os trabalhadores do nosso País”, disse nota que resgata o histórico de Benedita na política e exige punições pelo comportamento da parlamentar do PL.

Políticos e lideranças negras manifestam apoio

Horas após a fala da deputada bolsonarista, políticos e lideranças negras manifestaram apoio à Benedita da Silva, destacando a figura enquanto uma referência e inspiração para o Brasil.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, publicou apoio em suas redes, declarando que as falas foram inaceitáveis. “Minha querida Bené, receba meu abraço e solidariedade, estamos juntas e seguiremos em luta contra as desigualdades e todas as formas de violência”.

O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Silvio Luiz de Almeida, também se posicionou. “A deputada Benedita da Silva é uma das maiores referências da política nacional. Uma inspiração para homens e mulheres que lutam por um país democrático, desenvolvido e sem racismo”, disse o político.


A deputada federal Erika Hilton (PSOL) relembrou que Zambelli é ré na Justiça por apontar uma arma contra um jovem negro por sua posição política. “Isso ocorre todos os dias conosco, e nem o cargo de Deputada nos torna imunes à essa faceta do racismo. E ontem, Carla Zambelli mostrou para seus apoiadores que, para ela, toda mulher negra é a mesma”.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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