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Bolsonaro avança com auxílio de R$ 250 e movimentos pressionam por valor de R$ 600

“Para cozinhar é necessário gás e um botijão não custa menos de 90 reais (...) É desolador ver governos que não se importam com a vida dos mais pobres”, dizem representantes das entidades do movimento civil organizado

Texto: Redação | Imagem: Pilar Olivares

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18 de março de 2021

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) assinou nesta quinta-feira (18) as duas medidas provisórias (MPs) que liberam o novo auxílio emergencial no valor de R$ 250. O governo ainda deve publicá-las e a previsão é de que o pagamento seja a partir de abril, em quatro parcelas. Diante disso, as organizações que integram o movimento Renda Básica Que Queremos, responsável pela campanha #auxilioateofimdapandemia, se uniram a outros movimentos sociais para fazer uma grande manifestação virtual, em todo o país, pela volta do auxílio de R$ 600.

Os organizadores da campanha alertam que o teto definido pela PEC Emergencial aprovada no Congresso Nacional e agora assinada pelo presidente deixará um em cada quatro beneficiários fora do auxílio emergencial deste ano – algo em torno de 17 milhões de brasileiros. Além disso, os valores aprovados para as parcelas, em torno de R$ 375 para mães com filhos, no máximo, são insuficientes para manter uma família com três ou quatro pessoas.

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A diretora de Relações Institucionais da Rede Brasileira de Renda Básica, Paola Carvalho, foi ao supermercado em Porto Alegre (RS) no início de março, enquanto a PEC era discutida, para checar o que é possível comprar com esse dinheiro. Ela gastou R$ 254,48 para adquirir apenas duas caixas de leite, cinco quilos de arroz, dois pães para sanduíche, dois quilos de café, duas garrafas de óleo, três quilos de feijão, três quilos de farinha, três quilos de açúcar, um pote de margarina e dois quilos de carne moída.

“Legumes, verduras e frutas ficaram de fora da lista. Para cozinhar é necessário gás e um botijão não custa menos de 90 reais”, conta. O vídeo mostrando as compras está disponível no Facebook

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que os alimentos subiram 15%, praticamente três vezes a taxa oficial da inflação, que foi de 5,20% em um ano. Os itens com maior alta foram: óleo de soja (87%), arroz (70%), batata (50%) e carne (30%). O indicador de inflação por faixa de renda do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) tem consistentemente provado que a inflação de alimentos é mais perversa para os mais pobres.

Pesquisa do Instituto Datafolha mostrou que mais da metade (53%) daqueles que receberam ao menos uma parcela do auxílio emergencial em 2020 usaram os recursos para a compra de alimentos. Por isso, a luta pela volta do patamar de R$ 600 por mês para o auxílio emergencial pode ser comparada a uma luta contra a fome no Brasil.

O professor da UneAfro, Douglas Belchior, membro da Coalizão Negra por Direitos, lembra que “tem gente com fome e morrendo”. “Vivemos um estado de guerra, de barbárie. É desolador ver governos que não se importam com a vida dos mais pobres e não possuem políticas de combate à doença”, afirma.

Segundo ele, o auxílio de ao menos R$ 600 reais até o fim da pandemia seria o básico. “Mas a maioria do Congresso e o governo federal prefere manter políticas de morte e não de vida. Ou damos um fim no governo Bolsonaro ou ele dará fim ao Brasil”, complementa.

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