PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Câmara aumenta tempo de internação compulsória para réus com transtornos psicológicos

Parlamentares contrários à medida acreditam que a proposta legislativa é contrária às novas políticas antimanicomiais adotadas pelo Estado
Deputada Carla Zambelli durante leitura do parecer favorável ao projeto que amplia prazo de internações involuntária.

Deputada Carla Zambelli durante leitura do parecer favorável ao projeto que amplia prazo de internações involuntária.

— Reprodução / Câmara

13 de dezembro de 2024

Na quinta-feira (12), a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei (PL)  1637/19,  que amplia o tempo, de três para 20 anos, para internações compulsórias de réus que possuam algum tipo de doença psiquiátrica. Na legislação atual, o juiz pode determinar o prazo mínimo de um a três anos para os internos.

A proposta foi aprovada em caráter substitutivo ao texto original, de autoria do ex-deputado federal Delegado Waldir (União Brasil-GO). Sob a relatoria do deputado Delegado Palumbo (MDB-SP), o projeto estipula prazos de acordo com a gravidade do crime cometido, sendo sete anos para crimes com violência ou grave ameaça e 15 anos para os que resultarem em mortes.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

O PL 1637/19  prevê que suspensão da internação só será viabilizada quando o condenado cumprir o tempo mínimo. A reavaliação do prazo também sofre alteração com o projeto, passando de um para três anos.

O texto legislativo ainda cria uma nova medida de segurança, na qual o magistrado pode optar pela liberdade vigiada com acompanhamento psicossocial e fiscalização judicial. 

A liberdade assistida inclui, obrigatoriamente, a supervisão por autoridades judiciárias, com a apresentação constante de relatórios técnicos; acompanhamento psicossocial contínuo com programas individualizados de apoio e reinserção social; e adesão a programas de tratamento.

Na votação, parlamentares contrários à medida defenderam que o PL possui um caráter divergente às novas políticas antimanicomiais, adotadas recentemente pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). 

“O que se quer aqui é generalizar a internação compulsória, atacando a reforma psiquiátrica e tirando direitos humanos das pessoas com transtornos mentais, indo na contramão da saúde pública. Será uma vergonha se aprovarmos esta matéria”, declarou a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ), durante o pleito.

A deputada Delegada Adriana Accorsi (PT-GO), avalia que a revisão no prazo de avaliação diverge de uma política pública de saúde mental atualizada e consonante com tratamentos utilizados mundialmente. Accorsi acredita que o novo prazo “reduz o contato com a ciência e com os médicos, fazendo com que essas pessoas fiquem abandonadas”.

O projeto de lei será encaminhado ao Senado para apreciação e votação.

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

Leia mais

PUBLICIDADE

Destaques

Cotidiano