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Câmeras corporais teriam evitado mortes de 2  jovens negros pela PM do Paraná, diz deputada

Na Câmara, a deputada Carol Dartora denunciou o caso dos dois jovens mortos com 15 tiros de fuzil em abordagem da Polícia Militar do Paraná
A foto mostra dois PMs durante “Operação Natal”, em dezembro de 2024.

A foto mostra dois PMs durante “Operação Natal”, em dezembro de 2024.

— Sd. Mauro Berg/PMPR

20 de fevereiro de 2025

Na quarta-feira (19), a deputada federal Carol Dartora (PT-PR) denunciou a execução de dois jovens negros pela Polícia Militar do Paraná (PMPR) em Londrina. Na tribuna da Câmara dos Deputados, um parlamentar também cobrou a responsabilização do governador Ratinho Júnior (PSD).

O caso ocorreu na noite do último sábado (15), próximo ao Jardim Nossa Senhora da Paz, também conhecido como Favela da Bratac. Kelvin Willian Vieira dos Santos, de 16 anos, e Wender Natan da Costa, de 20, foram atingidos por 15 tiros de fuzil quando voltavam para casa depois do trabalho.

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A PMPR alega que os jovens estavam em um veículo associado a crimes. Os policiais também afirmaram que ambos estavam armados e reagiram à abordagem, o que teria motivado o suposto confronto. Os familiares negaram a acusação de porte de arma.

No plenário da Câmara, a deputada Carol Dartora anunciou que acionará a Corregedoria da PM e a Secretaria de Segurança Pública para exigir a abertura de um inquérito.

“Isso não é segurança pública, isso é execução! E o governador Ratinho Júnior é responsável. Ele comandou a segurança do Paraná e se recusou a implementar protocolos que poderiam ter evitado essa tragédia. Se as câmeras nos uniformes e viagens estivessem ativas, Kelvin e Wender estariam vivos”, declarou o parlamentar, em nota.

Protestos em Londrina

Na tarde de segunda-feira (17), familiares e moradores da Favela da Bratac realizaram um protesto exigindo justiça pelas vítimas. Os manifestantes também reivindicaram a implementação de câmeras corporais nas fardas dos policiais militares.

Outros três pontos de manifestação foram registrados em Londrina ao longo do dia.

Aumento da letalidade policial no Paraná

Segundo levantamento do Ministério Público do Paraná (MPPR), divulgado em janeiro, a polícia paranaense foi responsável por cerca de 413 mortes no estado. O número representa um aumento de 19% em comparação aos 348 casos registrados em 2023.

O documento aponta 433 confrontos envolvendo forças policiais e 112 pessoas feridas em decorrência dessas abordagens. Segundo o MPPR, a Polícia Militar foi autora de 97,7% das mortes e lesões corporais ocorridas no estado em 2024.

Com 43 mortes, Londrina, onde Kelvin e Wender foram executados, é destacada como a cidade onde, proporcionalmente, há mais violência policial (7,7 mortos a cada 100 mil habitantes). Em números gerais, Curitiba foi a cidade com mais ocorrências, somando 98 mortes.

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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