“A gente está radiante porque conseguimos concretizar, no estado do Paraná, um projeto de eleger uma mulher preta. Pois estamos em um dos três estados sulistas, que tem ideias de supremacia branca, um estado que invisibiliza a população negra”, disse Carol Dartora (PT-PR). A deputada federal petista foi eleita com 130.654 votos. Ao todo, o Paraná elegeu 30 deputados federais. O mais votado foi Deltan Dallagnol (Podemos), ex-coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná, com 344.917 votos.
Em geral, a bancada paranaense no Congresso é composta por parlamentares de direita e centro. Foram 3 do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro; 6 do PSD; 4 do União Brasil; 4 do PP; PROS, MDB, PSDB e Republicanos elegeram 1 cada. Na esquerda, o PT elegeu 5 parlamentares, enquanto PV e PSB elegeram 1 cada.
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Carol Dartora (PT) foi a primeira vereadora negra de Curitiba, capital paranaense, eleita em 2020 e agora se torna a primeira deputada federal negra eleita no Paraná. Ela explica que apesar do atraso histórico, a sua eleição é um recado de todas as pessoas que têm um desejo de avançar em diversos aspectos, incluindo o racismo. “Essas pessoas deram o seu recado antirracista no voto. Em Curitiba, só fiquei atrás de Dallagnol”, diz.
“Sou professora, pesquisadora, feminista. Sempre foi nosso objetivo ter uma bancada da educação, para melhorar a vida das pessoas. A educação serve como uma estrada para que a gente tenha melhor emprego, melhores condições de vida, melhor salário, mas também é onde a sociedade avança em senso crítico”, afirma a parlamentar.
De acordo com a deputada, o Paraná tem dificuldade de punir o racismo subjetivo e como projeto, ela pretende estar nesse espaço para melhorar a legislação e as políticas de reparação. A ideia é unir os poderes, principalmente a Câmara Federal, Municipal e Assembleias Legislativas.
“Tudo para nós é muito estratégico e organizado. Se o movimento negro não tivesse criado estratégias para que, ao longo dos anos, nós estivéssemos vivos, todos nós poderíamos nem existir. A gente precisou se articular para sobreviver. Uma das nossas estruturas sempre foi a educação. Foi o movimento negro que disse que o Brasil é um país racista, que o racismo é uma questão social e estrutural e enquanto a gente não combater o racismo em todas as suas esferas a gente não avança enquanto sociedade”, ressalta.
Para Carol, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva será eleito, pois a maior parte da população demonstrou que precisa da garantia dos direitos fundamentais, do fim da fome, de emprego e renda. “Isso quer dizer que, a maior parte das pessoas pessoas desse país, ou seja, as mulheres, negros e pobres, querem mudar esse governo e querem Lula presidente. A maior rejeição de Bolsonaro está entre as mulheres”, afirma.
Passadas as eleições de primeiro turno, um novo cenário político se avizinha no país: o Congresso Nacional ficará mais conservador a partir do ano que vem, quando começa o mandato dos 513 deputados eleitos. Carol Dartora ressalta que, por mais que o Congresso eleito seja um dos mais conservadores da história, é preciso levar em conta que temos uma democracia não consolidada.
“A gente sofre com velhas oligarquias, com mentalidade escravista, com domínio econômico que faz compra de voto, com a população que não tem acesso a debates políticos. Temos profissionais de campanha nas periferias que não condizem com a realidade do povo, eles giram a máquina para manter os seus lugares. Mas para contrapor a isso, nós teremos os mandatos populares. Essa é a nossa força”, garante Carol.
Para ela, se eleger por um dos estados do Sul é emblemático, pois ela considera o território xenofóbico, e com ideias fortes de supremacia branca. Ela conta que esta não é a primeira eleição que o Sul rechaça o Nordeste, por votar em um candidato progressista, e tem ideias separatistas. Carol assegura que vai fazer um severo enfrentamento para avançar na punição dessas questões de intolerância que “tem que ser criminalizado, democraticamente não deve ser aceito”.
“Esse ódio não é irracional, e esse eventos não são aleatoriedades, são organizados no bolsonarismo e representa o projeto político que essas pessoas querem, que essas pessoas acreditam, um projeto racista, de manutenção dos privilégios, são pessoas que não querem dividir o status com negros, mulheres e LGBT’s”, salienta.
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