A deputada federal Dandara Tonantzin (PT-MG) apresentou na Câmara dos Deputados na última semana um projeto de lei que visa regulamentar a profissão de trancista no país. Na proposta, a parlamentar define o que é a profissão e inclui as suas características no Quadro de Atividades e Profissões da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Segundo a parlamentar, o projeto é resultado da demanda de um grupo de trabalhadoras de Uberlândia que almejam reconhecimento e real valorização da sua profissão. Após a apresentação, a proposta foi encaminhada para as comissões responsáveis, onde será analisada.
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“De acordo com elas, 90% das profissionais estão dedicadas para o embelezamento afro e isso é o que as diferencia da categoria profissional de cabeleireiros. Hoje existem cerca de 15 mil profissionais que se identificam como trancistas no país”, explica Dandara à Alma Preta.
Dandara também destaca que a regulamentação da profissão de trancista se justifica porque ela tem uma diferença fundamental em relação aos profissionais cabeleireiros, como o emprego de saberes, habilidades e técnicas ancestrais de cuidado e embelezamento capilar próprios da cultura afrodescendente do país.
“O trabalho realizado pelas trancistas no âmbito dos salões de beleza tem uma dimensão social muito importante para a população afrodescendente, pois atua na desconstrução de estereótipos negativos relacionados ao seu tipo capilar, apontando para outras possibilidades de cuidado que não as danosas práticas de alisamento e assim contribuindo para o fortalecimento da autoestima dessas pessoas, para a preservação da tradição e dos ensinamentos ancestrais da população negra e, por fim, para a afirmação de uma identidade negra”, pontua.
Dandara também salienta sobre a importância da atividade para a empregabilidade e a autonomia financeira em especial das mulheres negras, que compõe a maioria do quadro dessas profissionais. “Esse é um significativo exemplo de empreendedorismo negro”, concluiu.