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‘Elite não queria um sem terra na Câmara Municipal’, diz Tito do MST, eleito vereador em Parauapebas

O trabalhador rural Tito do MST (PT) foi eleito para uma das 17 cadeiras da Câmara Municipal de Parauapebas, no sudeste do Pará
Tito do MST, vereador eleito em Paraupebas (PA).

Foto: Reprodução/Redes sociais

8 de outubro de 2024

O trabalhador rural Tito do MST foi eleito para uma das 17 cadeiras da Câmara Municipal de Parauapebas, no sudeste do Pará. O candidato do PT obteve 2.619 votos no último domingo (6).

A vitória é significativa na cidade de 266.424 habitantes, conhecida como a “Capital do Minério” por ter a extração de minerais como atividade econômica principal. Parauapebas e a região sudeste do Pará têm histórico de conflitos agrários e são marcadas por uma intensa concentração fundiária. 

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Tito é ativista do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e morador do assentamento Palmares II há 30 anos. A comunidade foi regularizada depois que, em 1994, cerca de 1,5 mil famílias ocuparam um trecho da fazenda Rio Branco, com o objetivo de ter terra para trabalhar e dela tirar o sustento. Com a desapropriação da área, foram assentadas 537 famílias, cada uma com 25 hectares de terra.

“É um desafio grande que vamos enfrentar nessa cidade. Como o MST tem raízes profundas aqui na região e somos um movimento coletivo, nós vamos primar justamente pelas pautas do movimento sem terra, que é de onde a gente já conhece”, declarou.

Confira a entrevista completa abaixo:

Alma Preta: O que a sua vitória representa no contexto dessas eleições municipais em Parauapebas?

Tito do MST: Primeiro que estamos há 30 anos no assentamento Palmares II, onde sou assentado da Reforma Agrária e sei dos problemas sociais de Parauapebas. Mas é um lugar que a elite paraupebense não queria ver um sem terra na Câmara Municipal. Depois de 30 anos, nós quebramos essa “mandinga” e agora temos um mandato.

Alma Preta: Quais serão as principais pautas a serem levantadas pelo seu mandato na Câmara na próxima legislatura?

Tito do MST: Esse mandato tem que ser pensado coletivamente para resolver pauta do nosso povo sem terra, resolver pauta da educação, dos negros, das negras, resolver pauta dos LGBT.

Alma Preta: Quais serão os seus principais desafios diante da composição eleita da Câmara e do cenário da cidade?

Tito do MST: É um desafio grande que vamos enfrentar nessa cidade, que é uma cidade minerária, na sua maioria. Como o MST tem raízes profundas aqui na região e somos um movimento coletivo, nós vamos primar justamente pelas pautas do movimento sem terra, que é de onde a gente já conhece.

Por isso, vamos seguir mobilizados com nossos coletivos na área da educação, na área da cultura, na área da saúde e nas várias frentes do movimento. Precisamos estar muito unidos para essa questão do mandato.

Vamos pegar um prefeito que é contra tudo e todos. Agora que estamos [eleitos], vamos começar a conhecer os nossos pares de trabalho e esperamos formar blocos de enfrentamento na nossa região, mas também de conquista.

Agora é a hora de a gente buscar conquistas para o nosso povo. O mandato para o MST aqui representa muita coisa. O mandato para o MST aqui nessa cidade representa uma conquista grande, uma conquista dos trabalhadores e a ideia agora é unir todos e todas que queiram ajudar a gente a fazer um bom mandato aqui em Paraupebas.

  • Fernando Assunção

    Atua como repórter no Alma Preta Jornalismo e escreve sobre meio ambiente, cultura, violações a direitos humanos e comunidades tradicionais. Já atua em redações jornalísticas há mais de três anos e integrou a comunicação de festivais como Psica, Exú e Afromap.

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