O trabalhador rural Tito do MST foi eleito para uma das 17 cadeiras da Câmara Municipal de Parauapebas, no sudeste do Pará. O candidato do PT obteve 2.619 votos no último domingo (6).
A vitória é significativa na cidade de 266.424 habitantes, conhecida como a “Capital do Minério” por ter a extração de minerais como atividade econômica principal. Parauapebas e a região sudeste do Pará têm histórico de conflitos agrários e são marcadas por uma intensa concentração fundiária.
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Tito é ativista do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e morador do assentamento Palmares II há 30 anos. A comunidade foi regularizada depois que, em 1994, cerca de 1,5 mil famílias ocuparam um trecho da fazenda Rio Branco, com o objetivo de ter terra para trabalhar e dela tirar o sustento. Com a desapropriação da área, foram assentadas 537 famílias, cada uma com 25 hectares de terra.
“É um desafio grande que vamos enfrentar nessa cidade. Como o MST tem raízes profundas aqui na região e somos um movimento coletivo, nós vamos primar justamente pelas pautas do movimento sem terra, que é de onde a gente já conhece”, declarou.
Confira a entrevista completa abaixo:
Alma Preta: O que a sua vitória representa no contexto dessas eleições municipais em Parauapebas?
Tito do MST: Primeiro que estamos há 30 anos no assentamento Palmares II, onde sou assentado da Reforma Agrária e sei dos problemas sociais de Parauapebas. Mas é um lugar que a elite paraupebense não queria ver um sem terra na Câmara Municipal. Depois de 30 anos, nós quebramos essa “mandinga” e agora temos um mandato.
Alma Preta: Quais serão as principais pautas a serem levantadas pelo seu mandato na Câmara na próxima legislatura?
Tito do MST: Esse mandato tem que ser pensado coletivamente para resolver pauta do nosso povo sem terra, resolver pauta da educação, dos negros, das negras, resolver pauta dos LGBT.
Alma Preta: Quais serão os seus principais desafios diante da composição eleita da Câmara e do cenário da cidade?
Tito do MST: É um desafio grande que vamos enfrentar nessa cidade, que é uma cidade minerária, na sua maioria. Como o MST tem raízes profundas aqui na região e somos um movimento coletivo, nós vamos primar justamente pelas pautas do movimento sem terra, que é de onde a gente já conhece.
Por isso, vamos seguir mobilizados com nossos coletivos na área da educação, na área da cultura, na área da saúde e nas várias frentes do movimento. Precisamos estar muito unidos para essa questão do mandato.
Vamos pegar um prefeito que é contra tudo e todos. Agora que estamos [eleitos], vamos começar a conhecer os nossos pares de trabalho e esperamos formar blocos de enfrentamento na nossa região, mas também de conquista.
Agora é a hora de a gente buscar conquistas para o nosso povo. O mandato para o MST aqui representa muita coisa. O mandato para o MST aqui nessa cidade representa uma conquista grande, uma conquista dos trabalhadores e a ideia agora é unir todos e todas que queiram ajudar a gente a fazer um bom mandato aqui em Paraupebas.