A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) acionou a Justiça Federal contra o presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), Alejandro Domínguez, por racismo. A parlamentar também o denunciou ao Ministério das Relações Exteriores e busca que o dirigente seja declarado “persona non grata” no Brasil.
A ação ocorreu após Dominguez afirmar durante uma entrevista na terça-feira (18) que a ausência dos clubes brasileiros da Libertadores seria como “Tarzan sem Chita”.
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“Não podemos mais aceitar que jogadores e a população do nosso país sejam alvos de ofensas criminosas como essa no âmbito do futebol. E é absurdo que essas palavras tenham saído da boca de quem deveria justamente prezar pelo mais alto nível nas competições esportivas, dentro e fora de campo”, disse Erika.
“Mas se a CONMEBOL e seu Presidente são incapazes disso, o problema é deles – inclusive na Justiça”, acrescentou a parlamentar.
RACISMO É CRIME, DENTRO E FORA DOS ESTÁDIOS!
— ERIKA HILTON (@ErikakHilton) March 18, 2025
Estou denunciando o presidente da CONMEBOL à Justiça e ao Itamaraty, pra que ele responda por racismo e seja declarado persona non grata no Brasil.
Em meio a um debate sobre racismo no futebol, ele comparou brasileiros com macacos,… pic.twitter.com/9k14Opz8sy
Repercussão negativa
A declaração do presidente da Conmebol também deixou os usuários das redes sociais revoltados. A fala gerou repercussão negativa entre outros parlamentares e torcedores brasileiros, que exigem a saída dos clubes da entidade sul-americana. Muitos também afirmaram que o comentário reforça o racismo no futebol.
Em declaração racista, Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol, comparou a Libertadores sem times brasileiros a "Tarzan sem Chita" (referindo-se à macaca, personagem de filmes). Essa fala reforça o motivo da Conmebol ser conivente com atos racistas que ocorrem nos estádios. pic.twitter.com/BjMy376GwD
— Renato Freitas (@Renatoafjr) March 18, 2025
Punições brandas e falas absurdas como essa só escancaram o racismo no futebol. A declaração do presidente da CONMEBOL (se é que podemos chamar assim) é uma evidente demonstração de desprezo pela luta contra a discriminação no esporte. Já chega! Não podemos mais tolerar, não… pic.twitter.com/ddNWiOYPPi
— Randolfe Rodrigues (@randolfeap) March 18, 2025
Se os brasileiros fossem organizados, todo mundo sairia da CONMEBOL
— michelon automobilísticos (@michelonismo) March 18, 2025
Brasileiro não é santo, mas isso aqui é RACISMO INSTITUCIONALIZADO
Sabe o que aconteceria com a Libertadores sem a caralha do Cerro Porteño? Nada, ninguém liga
Agora experimenta sem os times brasileiros… https://t.co/Xm5y5gzait
Após a repercussão, Dominguez se manifestou, em nota oficial, pedindo desculpas pelo ocorrido. O dirigente argumentou que a frase utilizada é popular e que jamais teve a intenção de “menosprezar nem desqualificar ninguém”. O presidente disse que é impensável a Libertadores sem a participação de times dos dez países membros da Conmebol.
Caso recente de racismo no futebol
A declaração de Alejandro Dominguez, presidente da Conmebol, ocorreu em meio à repercussão do caso de racismo contra os jogadores palmeirenses Luighi e Figueiredo, durante uma partida da Libertadores Sub-20.
Em resposta, a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, sugeriu que os clubes brasileiros deixem a Conmebol e se filiem à Confederação das Associações de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (Concacaf).
A sugestão foi motivada pela punição aplicada pela Conmebol ao Cerro Porteño ter sido considerada insuficiente. Além disso, o Palmeiras enviou uma carta à Federação Internacional de Futebol (FIFA), em que cobra ações mais rigorosas para coibir práticas racistas no futebol sul-americano.