O Ministério da Igualdade Racial (MIR) divulgou o perfil das 86 pesquisadoras negras, quilombolas, indígenas e ciganas selecionadas para o “Programa Beatriz Nascimento de Mulheres na Ciência“, que concede bolsas para realização de doutorado ou pós-doutorado sanduíche no exterior. As bolsistas iniciarão seus estudos no segundo semestre de 2024, com apoio de recursos que somam R$ 8 milhões.
O programa, resultado de uma parceria entre o MIR, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Ministério das Mulheres (MM) e o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), prevê auxílio instalação, seguro saúde e deslocamento. O objetivo é ampliar a presença dessas mulheres na ciência, e proporcionar um intercâmbio de pesquisas e internacionalização de suas carreiras.
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A seleção contemplou diversas áreas de conhecimento e incluiu pesquisadoras em diferentes estágios de vida e trajetórias profissionais. As Ciências Humanas lideram com 25 pesquisadoras (29,07%), seguidas por Ciências Biológicas e Ciências Sociais Aplicadas, ambas com 10 pesquisadoras (11,63%). Outros campos, como Ciências Agrárias, Exatas, Linguística, Saúde e Engenharias, também estão representados.
Quanto aos destinos, os Estados Unidos e Portugal receberão a maior parte das bolsistas, com 25 e 18 pesquisadoras, respectivamente. Ao todo, 43 bolsas foram concedidas para a Europa, 36 para as Américas e 7 para a África, o que garante uma ampla diversidade de experiências acadêmicas e culturais. Os estados com maior número de bolsistas são Bahia (15,12%), Rio de Janeiro (13,95%) e São Paulo (12,79%).
Impactos da iniciativa
Cristina Sacramento, professora da Universidade Federal de Ouro Preto, irá para Angola e destaca o significado pessoal da experiência: “A possibilidade de estar em Angola enquanto uma mulher negra é, sobretudo, um reencontro com a minha história”, afirma. Já Alessandra Lunkes, professora de Química na Universidade Tecnológica do Paraná, ressalta a importância do programa para áreas como a sua, onde negras enfrentam barreiras de inclusão. “Esse edital foi uma transformação e uma construção de identidade”, comenta em nota.
A quilombola baiana Jamily da Silva Fernandes, selecionada para estudar na Universidade Nacional do México, destaca o impacto cultural da oportunidade: “Conhecer a dinâmica de outra universidade, a forma como lidam com a pesquisa, é uma vivência enriquecedora”, relata.
Juliana Pacheco, outra quilombola que irá para Portugal, celebra o fato de ser a primeira doutoranda de sua comunidade: “Vou dividir essa experiência com as meninas da minha comunidade. Se eu consegui, vocês também conseguem”, desafia.
As selecionadas têm até o final de 2025 para concluir seus cronogramas e trazer novas perspectivas para suas áreas e para as comunidades que representam.