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Lucinha do MST: “Uma Sem Terra na Assembleia Legislativa da Bahia”

Liderança do Movimento Sem Terra (MST) tenta ser a primeira mulher negra assentada a ocupar um cargo no legislativo baiano

Imagem: Alma Preta com Reprodução/MST

Foto: Imagem: Alma Preta com Reprodução/MST

29 de setembro de 2022

Vera Lúcia da Cruz Barbosa é agricultora, feminista negra e defensora dos direitos humanos. Nascida em Eunápolis, no Extremo Sul da Bahia, há 35 anos constrói o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST). Lucinha, como é conhecida, atuou como dirigente nacional do movimento por mais de 10 anos e como coordenadora do Acampamento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do estado baiano.

Com ampla atuação nos movimentos sociais, participou da organização internacional ‘Via Campesina’ e da Coordenação Nacional dos Movimentos Sociais (CMS). Em 2011, no segundo mandato de Jaques Wagner no Governo da Bahia, Lucinha foi nomeada à recém-criada Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) em seu estado, se tornando a primeira secretária da pasta. Quatro anos depois, em 2015, ela deixou a SPM e assumiu a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (SEPROMI) no primeiro mandato do governador Rui Costa.

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Lucinha relata que, antes do MST, sua vida e de suas oito irmãs estava muito atrelada ao trabalho doméstico e à vida religiosa. Seu primeiro contato com o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra foi no Assentamento Bela Vista, no município de Itamaraju, também no Extremo Sul baiano. Essa aproximação ocorreu por conta de seu pai, que começou a frequentar reuniões do movimento e decidiu participar da ocupação.

Inicialmente, sua participação estava muito vinculada à construção e organização do espaço familiar dentro do acampamento, mas logo passou a se destacar nas assembleias do movimento, tornando-se uma figura fundamental no desenvolvimento de outros assentamentos no estado baiano. Ela destaca como esse início de sua atuação foi um laboratório importante para sua formação intelectual e pessoal já que o espaço familiar e a sociedade eram muito conservadoras com as mulheres:

“Os assentamentos serviram como uma escola para mim. Lá, você aprende a respeitar as pessoas, debater e a conviver com o diferente. Você aprende a discutir sobre diversos temas e também a se colocar, naquele tempo não tinha isso, né? Quando você está nos espaços familiares a palavra do pai ou do mais velho é o que vale”, conta Lucinha.

A candidata também pontua que a escolha de partir para o campo da política institucional foi uma decisão coletiva do movimento pela necessidade de ter uma representação do MST no Legislativo baiano. As principais pautas que pretende levar caso ocupe uma cadeira na ALBA são a defesa e valorização da agricultura familiar; combate à violência contra mulher, ao genocídio da juventude negra e a LGBTQfobia.

“Quero legislar para o nosso povo, negros, mulheres, jovens e, principalmente, para o povo do campo, floresta e das águas. Das sessenta e três cadeiras na Assembleia Legislativa nós não temos ninguém que que vivencia a zona rural e nós precisamos ter a nossa voz lá dentro. Desejo construir projetos que acompanhem o ritmo da agricultura familiar que empoderem e promovam autonomia financeira para as mulheres, os jovens e a comunidade LGBTQIAP+”, afirma Lucinha do MST.

Ela finaliza dizendo que sua expectativa para emplacar seu projeto político nesse espaço institucional é de trazer para perto esses grupos na formulação do mandato. Além disso, acredita que essa construção possa servir de instrumento para o fortalecimento desses grupos e organizações.

“A partir de todas essas pautas que pretendemos levar para Assembleia, precisamos sentar com as nossas organizações e com quem está fazendo a campanha acontecer para elaborarmos de fato o que será nosso mandato. Queremos fortalecer esses grupos e organizações em todo o estado com a nossa presença e diálogo contínuo com o governo estadual” finaliza.

Leia também: Orlando Silva: “Vote preto pelos direitos humanos”

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