A partir de janeiro de 2025, as Câmaras Municipais de cidades de todo o Brasil terão uma nova composição de vereadores, mas em 11% delas, não haverá nenhuma cadeira ocupada por pessoas pretas ou pardas. Um levantamento da Folha de S. Paulo revela que 626 cidades brasileiras não elegeram representantes autodeclarados negros nas eleições deste ano, e, em 606 dessas cidades, todos os vereadores eleitos são brancos.
A situação é mais acentuada nos estados da região Sul, onde 471 municípios não terão nenhum vereador negro. No Rio Grande do Sul, mais da metade dos 497 municípios (52%) estará nessa situação, sem representantes pretos ou pardos na próxima legislatura. Segundo o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado gaúcho tem a menor proporção de pessoas que se autodeclaram negras, com 21,1%, enquanto os brancos representam 78,4%.
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O estudo mostra que 252 Câmaras Municipais gaúchas serão compostas exclusivamente por vereadores brancos. Um exemplo é São Gabriel, cidade com 46.062 eleitores, onde todos os 15 vereadores eleitos são brancos.
Por outro lado, a quantidade de cidades onde todas as cadeiras serão ocupadas por pessoas negras é quase a metade do número de municípios sem nenhum representante negro. Em 261 cidades (4,7% do total), as Câmaras Municipais serão totalmente compostas por pessoas pretas ou pardas, com destaque para o Nordeste, onde essas cidades têm menos de 73 mil eleitores. Em Rosário, no Maranhão, por exemplo, todas as 13 cadeiras do Legislativo serão ocupadas por negros.
A análise revela ainda que, no cenário nacional para 2025, a população negra estará sub-representada na maioria das cidades. Pretos e pardos formam o maior grupo étnico-racial do Brasil, representando cerca de 56% da população, mas essa maioria só se refletirá nos Legislativos em 2.546 municípios, o que corresponde a 45% das cidades. Os estados da Bahia e Minas Gerais são os que lideram a lista de maior representação negra.
Texto com informações da Folha de São Paulo.
