A Hutukara Associação Yanomami (HAY), a Urihi Associação Yanomami (URIHI), a Associação Parawami Yanomami (Parawami) e a Associação Wanasseduume Ye’kwana (Seduume) divulgaram nesta segunda-feira (20) uma nota de repúdio contra a nova Comissão Externa da Câmara dos Deputados, que é composta apenas por deputados bolsonaristas e favoráveis ao marco temporal.
A nota é assinada por mais 78 organizações indígenas, indigenistas, ambientalistas, culturais e de direitos humanos.
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Criada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a Comissão tem o objetivo de acompanhar e investigar a crise humanitária no território Yanomami. Fazem parte da iniciativa 14 deputados federais, sendo sete do Partido Liberal (PL), seis do União Brasil, um do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e um do Republicanos.
“Manifestamos nosso repúdio e indignação por mais uma ação truculenta da Câmara dos Deputados que, longe de manifestar preocupação e compromisso com nosso povo, pretende utilizar a dor e a morte do povo Yanomami e Ye’kwana para objetivos simulados de disputas políticas”, diz trecho da nota.
O documento reitera que já foram formadas comissões especiais no Congresso, em 2022 e 2023, que atestaram o descaso e a omissão intencional do Estado brasileiro, cometidas durante o governo de Jair Bolsonaro, no que se refere ao combate ao garimpo e no abandono do atendimento à saúde pública nos territórios do povo Yanomami e Ye’kwana.
As associações indígenas classificam como “escárnio” a criação de uma comissão formada por deputados contrários à demarcação das terras indígenas, como a líder da Comissão, Coronel Fernanda (PL-MT).
Segundo levantamento realizado pelo Congresso em Foco, dos 14 parlamentares selecionados para comissão, apenas uma não votou a favor do marco temporal. A deputada federal Gisela Simona (UNIÃO-MT) não estava presente no dia da votação. Com exceção de Gisela, todos os deputados foram a favor do projeto.
“Não queremos que o sofrimento dos povos Yanomami e Ye’kuana sejam instrumentalizados para disputas políticas indecentes e antidemocráticas ou para defender o garimpo e a mineração nos territórios indígenas”, expressam as associações.
Em entrevista ao Conselho Indigenista Missionário (CIMI), o vice-presidente da HAY, Dário Kopenawa, destaca que os deputados escalados para comissão são os mesmos que votam contra os direitos do povo Yanomami e que nunca foi visto apoio dos parlamentares em relação aos indígenas. Dário ainda pede respeito às lideranças tradicionais e associações indígenas.