Assessor internacional do presidente Jair Bolsonaro, Filipe Martins fez um gesto considerado símbolo da supremacia branca, com referência ao nazismo, durante uma aparição na TV Senado na quarta-feira (24). Formando a letra W e a letra P com os dedos, gesto considerado por muitos como “OK”, o asssesor na verdade transmitiu a mensagem “white power”, ou poder branco, em tradução livre.
Após repercussão negativa, o assessor da presidência usou o Twitter para se defender e afirmou que não faz sentido ser relacionado ao movimento supremacista branco ou nazista por ser judeu. Em resposta ao ocorrido, o Museu do Holocausto, em Curitiba (PR), repudiou o ato. “É estarrecedor que não haja uma semana que o Museu do Holocausto de Curitiba não tenha que denunciar, reprovar ou repudiar um discurso antissemita, um símbolo nazista ou ato supremacista”, declarou a gestão do museu, também na rede social.
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Essa não foi a primeira vez que algum aliado de Bolsonaro faz publicamente gestos alusivos ao nazismo. Um caso marcante, ocorrido no início de 2020, teve como protagonista o até então secretário Especial de Cultura, Roberto Alvim. Em seu discurso para a divulgação do Prêmio Nacional das Artes nas redes sociais, o ex-secretário utilizou trechos de uma fala de Joseph Goebbels, ministro de propaganda da Alemanha nazista.
No discurso copiado por Alvim, Goebbels dizia: “A arte alemã da próxima década será heróica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”.
Na adaptação, o ex-secretário – demitido após a repercussão do ocorrido – falou: “A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”.
Na foto à esquerda: Roberto Alvim, ex-secretário Especial da Cultura. Na foto à direita: Joseph Goebbels, ministro de propaganda de Adolph Hitler. (Foto: Reprodução)
Em um outro episódio, o presidente Bolsonaro e um de seus filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), tiveram a imagem associada à supremacia branca ao tomar um copo de leite puro durante uma transmissão ao vivo em seu perfil no Facebook, bem como fazem os neonazistas americanos, que adotaram o gesto como simbologia à supremacia branca. O blogueiro Allan dos Santos, linha auxiliar do bolsonarismo nas redes sociais, repetiu o gesto em uma transmissão ao vivo do seu canal.
Um dos casos mais explicitos de apoio a movimentos supremacistas foi protagonizado pela militante Sara Geromini, que passou a utilizar o sobrenome Winter em homenagem à uma espiã inglesa, associada ao partido nazista e à União Britânica de Fascistas, chamada Sarah Winter.
A militante organizou um grupo chamado “300 do Brasil”, que montou um acampamento na Esplanada dos Ministérios em maio de 2020. Nas marchas do movimento, eles carregavam tochas e se vestiam de branco. A estética do grupo se assemelhava à Ku Klux Klan (KKK), movimento de supremacistas brancos norte-americanos.
Também em maio de 2020, antigos companheiros de paraquedismo de Bolsonaro se dirigiram ao Palácio do Planalto a fim de saudar o chefe de estado. Durante o cumprimento, os paraquedistas levantaram o braço direito e gritaram: “Bolsonaro somos nós”. A repercussão do caso foi encarada como alusão ao nazismo, como uma variação de Heil Hitler.