Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial (MIR), participou de encontro com cerca de 100 ativistas de movimento negro durante a tarde da terça-feira (30), na sede da Ação Educativa, centro de São Paulo.
O encontro, organizado pela Uneafro Brasil e o Movimento Negro Unificado (MNU), foi uma escuta da ministra dos desafios enfrentados pelos movimentos sociais e uma forma do MIR compartilhar os avanços da pasta. O debate foi mediado por Simone Nascimento, codeputada estadual da Bancada Feminista (PSOL) por São Paulo, e Débora Dias, covereadora pelo Quilombo Periférico (PSOL) na capital paulista.
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“Para a gente, a escuta é primordial, porque a gente tem que saber sempre para onde vai, com quem vai. E é a oportunidade da gente compartilhar algumas vitórias como a renovação da lei de cotas e o programa Juventude Negra Viva”, contou a ministra. O programa para enfrentar a mortalidade de jovens negros foi lançado em 21 de março e conta com um pacote de R$ 600 milhões para a iniciativa.
Depois da abertura feita pelo cofundador da Uneafro Brasil Douglas Belchior, os convidados iniciaram falas breves, com temas diversos, com destaque para casos de violência policial no estado.
Ouvidor das polícias de São Paulo, Claudinho Silva contou sobre os desafios enfrentados com a violência na Baixada Santista. Ele afirmou que, apesar do pacto federativo e da polícia ser de responsabilidade dos governos estaduais, sente a falta do governo federal mais atuante na agenda. Silva citou a possibilidade de intervenções por meio de políticas de infraestrutura na região, em especial nos bairros mais violentados pela polícia.
Representantes da comunidade senegalesa também participaram do encontro para denunciar a morte de Seringe Mbaye, de 38 anos, morto na noite do dia 23 de abril, depois de uma ação policial no prédio em que morava e de onde caiu e faleceu. Os ativistas presentes no encontro pediram apoio para enfrentar a situação e relataram que esse não é um caso isolado de abuso policial contra imigrantes senegaleses.
Os policiais afirmam que receberam uma denúncia de que o prédio abrigava uma série de celulares roubados e que, ao chegar ao local, Mbaye se jogou do edifício. O Ministério dos Direitos Humanos pediu para a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo investigar as razões da morte por considerar as condições como suspeitas.
Ao final do encontro, a secretária executiva do MIR, Roberta Eugênio, contou sobre os desafios ainda colocados para a Lei de Cotas, os avanços da pauta e o entendimento por parte da pasta de que as ações afirmativas são uma prioridade por parte da pasta.
Na semana passada, no dia 24 de abril, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou a proposta do senador Paulo Paim (PT-RS) por unanimidade de ampliação das vagas para negros, indígenas e quilombolas em concursos públicos de 20% para 30% e a prorrogação da proposta em dez anos. Agora a iniciativa segue para a Câmara dos Deputados.