PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Com julgamento da ADPF das Favelas, STF tem o poder nas mãos e precisa colocá-lo em prática

A ADPF das Favelas busca ampliar o controle sobre as forças de segurança do Rio de Janeiro para que ações como a operação desastrosa na comunidade do Jacarezinho, para não usar outro termo, não aconteçam novamente 
Manifestante segura bandeira do Brasil durante protesto na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, em 19 de agosto de 2023, contra a morte do adolescente Thiago Menezes Flausino, morto em 7 de agosto durante operação da Polícia Militar na favela Cidade de Deus. O protesto, também em memória a outras crianças vítimas de balas perdidas, foi organizado pela ONG brasileira Rio de Paz. Quatorze caixões foram depositados na praia de Copacabana para representar as 14 crianças, de 0 a 14 anos, que foram mortas entre 2022 e 2023 no estado do Rio, tanto em ações policiais quanto em confrontos entre criminosos rivais.

Manifestante segura bandeira do Brasil durante protesto na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, em 19 de agosto de 2023, contra a morte do adolescente Thiago Menezes Flausino, morto em 7 de agosto durante operação da Polícia Militar na favela Cidade de Deus. O protesto, também em memória a outras crianças vítimas de balas perdidas, foi organizado pela ONG brasileira Rio de Paz. Quatorze caixões foram depositados na praia de Copacabana para representar as 14 crianças, de 0 a 14 anos, que foram mortas entre 2022 e 2023 no estado do Rio, tanto em ações policiais quanto em confrontos entre criminosos rivais.

— Carl de Souza/AFP

5 de fevereiro de 2025

Você sabe o que é necropolítica? E a ADPF das Favelas? E mais, você sabe a conexão que existe entre esses dois termos? A necropolítica é um conceito filosófico que faz referência ao uso do poder social e político na distribuição desigual da oportunidade de viver e morrer no sistema capitalista. 

Já a Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental 635, ou ADPF das Favelas, objetiva dar o protagonismo às organizações de favelas e movimentos de mães e familiares de vítimas do terrorismo do Estado que atuam no processo como amicus curiae ou “Amigos da Corte”. 

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Essa ADPF volta a ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (5) e vai discutir a atuação do Estado dentro dos territórios periféricos e pode ser um ponto decisivo para a segurança pública em todo o Rio de Janeiro, uma vez que o Estado possui um dos piores indicadores relacionados à violência e à letalidade policial do país.

Falando de forma bem resumida e simplória, a ADPF das Favelas busca ampliar o controle sobre as forças de segurança do Rio de Janeiro para que ações como a operação desastrosa na comunidade do Jacarezinho, para não usar outro termo, não aconteçam novamente. 

À época, o ministro do Supremo, Edson Fachin, restringiu a realização de operações policiais nas comunidades cariocas durante a pandemia de Covid-19, no entanto, a decisão não foi respeitada pelo Estado e o resultado foi a maior chacina da história do Rio de Janeiro, com o assassinato de 28 pessoas na favela da Zona Norte carioca. 

O fim do julgamento pelo STF é de relevância social e o quanto antes for finalizado, mais benéfico para as populações periféricas e as políticas definidas na ADPF precisam ser colocadas em prática para que a população negra e favelada do Estado do Rio de Janeiro não seja vítima de atrocidades, como as que presenciamos diariamente. 

Em paralelo a isso, alguns políticos do outro lado têm tentado minar os esforços para que a pauta não seja votada no STF, como é o caso de um senador pelo Rio de Janeiro que se candidatou à presidência da Comissão de Segurança Pública do Senado e disse que vai “trabalhar para o fim da ADPF” e todos nós sabemos o porquê dessa vontade repentina. 

Por enquanto, o que podemos fazer é mobilizar o máximo de pessoas e entidades da sociedade civil para que as violações dos direitos humanos, cometidas por agentes públicos da segurança, sejam cessadas. Para isso, é preciso que cobremos os nossos representantes, seja deputados, senadores, visando o cumprimento das medidas tomadas pelo Supremo.

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

  • Tainá de Paula

    Tainá de Paula é arquiteta, urbanista e ativista das lutas urbanas. É especialista em Patrimônio Cultural pela Fundação Oswaldo Cruz e Mestre em Urbanismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atualmente é vereadora licenciada e Secretária Municipal de Meio Ambiente e Clima da Cidade do Rio de Janeiro.

Leia mais

PUBLICIDADE

Destaques

Cotidiano