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Da Injustiça à consciência: o estigma que ronda os negros como suspeitos

A cobertura sensacionalista que destaca crimes cometidos por pessoas negras contribui para a construção de uma narrativa perigosa e generalizada
Imagem mostra homem negro com as mãos para o alto ao ser abordado por policial.

Foto: Bigstock

21 de janeiro de 2024

Por: Felipe Ruffino*

Em pleno século XXI, um triste reflexo do racismo estrutural persiste na frequente confusão entre pessoas negras e suspeitos de atividades criminosas. Seja em abordagens policiais, revistas aleatórias em aeroportos, ou mesmo nas compras do dia a dia, a pele negra muitas vezes é associada à criminalidade, perpetuando estigmas profundamente enraizados na sociedade.

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Esse fenômeno não surge do nada; é uma consequência direta da história de discriminação racial. Desde tempos coloniais até o presente, a pele negra tem sido indevidamente vinculada à criminalidade, contribuindo para a formação de estereótipos prejudiciais. Essa carga histórica cria um terreno propício para a perpetuação do preconceito.

A prática de confundir pessoas pretas com suspeitos muitas vezes se manifesta em abordagens injustas. O chamado “perfil racial” torna-se uma realidade dolorosa para muitos, resultando em abordagens agressivas, constrangimento e, em casos extremos, violência injustificada. A falta de treinamento adequado, combinada com estereótipos, cria um ambiente onde as pessoas pretas são frequentemente vistas como ameaças.

Em aeroportos, lojas e espaços públicos, pessoas pretas enfrentam revistas aleatórias que, na maioria das vezes, não têm justificativa plausível. Essa prática não apenas viola a privacidade, mas também perpetua a ideia de que a pele negra é automaticamente associada a comportamentos ilícitos. A humilhação pública que decorre dessas revistas deixa cicatrizes emocionais profundas.

Os meios de comunicação desempenham um papel significativo na perpetuação desse estigma. A cobertura sensacionalista que destaca crimes cometidos por pessoas negras contribui para a construção de uma narrativa perigosa e generalizada. Isso não apenas distorce a realidade, mas também alimenta o medo e a desconfiança em relação à comunidade negra.

Combater essa injustiça exige uma abordagem multifacetada. A desconstrução dos estereótipos raciais, tanto individual quanto coletivamente, é essencial. Educação antirracista, tanto nas escolas quanto nos ambientes de trabalho, é crucial para desfazer os preconceitos arraigados.

A confusão recorrente entre pessoas pretas e suspeitos é um reflexo profundo do racismo sistêmico que permeia nossa sociedade. A mudança requer uma análise honesta desses padrões prejudiciais, juntamente com medidas concretas para desconstruir estereótipos e promover uma verdadeira igualdade. Somente assim poderemos caminhar em direção a uma sociedade onde a cor da pele não seja um fator determinante na forma como as pessoas são tratadas.

* Felipe Ruffino é jornalista, pós graduado em Assessoria de Imprensa e Gestão da Comunicação, possui a agência Ruffino Assessoria e ativista racial, onde aborda pautas relacionada à comunidade negra em suas redes sociais @ruffinoficial.

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