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Negros e negras: cuidar da sua saúde mental é um ato revolucionário

11 de março de 2020

O psicólogo Nelson Gentil escreveu um artigo de opinião sobre a importância da saúde mental da comunidade negra na luta antirracismo

Texto: Nelson Gentil | Imagem: Acervo Pessoal

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Quando pensei em escrever este texto sobre a importância da saúde mental da população negra, eu precisei refletir sobre diversas questões. A nossa sociedade é racista e nos ataca de diversas maneiras. A branquitude enquanto sistema tenta a todo momento sequestrar nossos corpos e saquear nossas mentes, o que torna difícil até mesmo o nosso processo de escrita.

Isso me fez pensar na necessidade de estarmos alertas e unidos visto que o genocídio do nosso povo está a todo vapor. A regra é embranquecer para dominar, no entanto, dizem que o sistema escravista foi abolido em 1.888. Nunca foi.

A escravidão no Brasil apenas atualizou os seus métodos de dominação de nossos corpos. Hoje esse processo de dominação acontece de diferentes formas e em diversos ambientes. Em alguns, de maneira velada, em outros, nem tanto. O fato é que uma coisa não mudou: continua sendo difícil ter um corpo preto nessa sociedade fabricada para nos provocar sofrimento e dilacerar nossas mentes a todo instante.

A luta é árdua, longa e provavelmente muitos de nós não vamos assistir ao término deste processo. Mesmo assim, precisamos buscar por ferramentas para nos fortalecer no enfrentamento diário ao racismo. A psicologia preta é uma delas. Como um homem negro e psicólogo, minha missão é criar mecanismos para que meus pacientes não fiquem paralisados diante das mazelas de uma sociedade racista.

Eu acredito fortemente que o maior ato revolucionário que nós, pessoas negras, podemos fazer é nos mantermos vivos em um país e mundo que nos adoece. Devemos partilhar e criar uma rede de fortalecimento. A psicologia preta é nossa aliada, pois é através dela que de forma clínica podemos desembranquecer nossas mentes e nos reconectar às nossas origens de um povo lindo, inteligente e dono de muitos dos conhecimentos considerados universais, quando na verdade são resultado de um sequestro epistemológico.

A escritora e feminista negra Bell Hooks nos lembra que o “amor cura” e estar entre os nossos é urgente. Em sua teoria, Hooks não se refere a um amor romântico. Se trata de um amor capaz de impulsionar toda a raiva contida dentro de nós em benefício do grupo. Um amor que nos faça perceber que não estamos sozinhos e assim nos fortalecer coletivamente.
Nesse processo terapêutico nos aproximamos de nossas raízes e abrimos o caminho para a construção da nossa autoestima a partir da aceitação de nossos traços e de nossa pele.

É um processo doloroso e corajoso. Sempre digo que fazer terapia é um ato de coragem. Fazer terapia não deve ser algo visto pelas pessoas negras como algo distante. Atualmente, temos no país uma série de profissionais que realizam atendimentos com valores acessíveis voltados especificamente para a inclusão dessa população.

O psicólogo Nelson Gentil atende no centro do Rio de Janeiro. Para saber mais informações sobre seu trabalho, acesse o Instagram ou entre em contato via WhatsApp por meio do número 21 96888-6871.

* Conteúdo patrocinado por apoiador do Alma Preta.

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