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‘Ocupa SP’ e a cidade paradoxo

O diretor, roteirista e líder da produtora Dois Pontos Filmes é convidado da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e traz suas impressões sobre as obras da mostra na Alma Preta
Imagem de divulgação do filme "Ocupa SP"

Imagem de divulgação do filme "Ocupa SP"

— Divulgação

26 de outubro de 2024

A frase que abre o filme, “A cidade é um paradoxo”, é uma ótima sacada. O documentário Ocupa SP busca, por meio de sua narrativa, explorar esse paradoxo de ocupação, que em suas idiossincrasias transforma, de maneira única, as quatro zonas da maior cidade da América Latina.

Dirigido por Gustavo Ribeiro, com argumento de Ana Claudia Streva, e estreando na mostra, o documentário entende a universalidade de seu tema. Falar sobre ocupações geopolíticas em São Paulo é, ao mesmo tempo, falar de outras regiões e cidades do Brasil. São Paulo é uma cidade construída por pessoas que vêm de todos os cantos para buscar e afirmar seus sonhos.

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A narrativa nos apresenta quatro iniciativas de ocupação, uma em cada zona da cidade, cada qual com uma necessidade de existência distinta. Isso nos dá a oportunidade de observar não apenas quem ocupa o espaço, mas também quem tem seu espaço ocupado, reforçando a riqueza e a importância de contar essa história em uma grande metrópole.

Em dado momento, surge a reflexão de que apenas São Paulo poderia ter um elevado grotesco cortando a cidade, prejudicando a saúde de quem é forçado a coexistir com ele, mas que, ao mesmo tempo, serve como espaço de lazer e calmaria para essa mesma população. Temos o povo guarani, que é questionado sobre por que “escolheu” aquela região como aldeia, quando, na verdade, foram obrigados a resistir ao crescimento da selva de pedra ao redor. Também vemos um grupo de teatro na região da Cracolândia, criando uma simbiose com as pessoas que ocupam aquele território.

A fotografia é inteligente ao sempre inserir os entrevistados no ambiente ocupado, e ao usar imagens dos transportes, quase criando uma unidade entre os diferentes espaços. No entanto, sente-se que poderia ter se ousado mais, especialmente na sinestesia dos sons de cada ambiente. O filme chega a fazer isso em certo momento, quando vemos um integrante da aldeia se comunicando com as abelhas. Seria ainda mais rico ver algo assim nas outras zonas abordadas.

O documentário busca refletir sobre pertencimento e a transformação da geografia pela força do coletivo. Mostra a pluralidade presente em cada necessidade de mudança, de transformação de uma realidade. Ocupa SP é um documentário sobre o que é construído e o paradoxo dos impactos causados por essa construção.  ✬✬✬✬ (Muito bom)

“Ocupa SP” está na programação da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

Quem dirige:

Gustavo Ribeiro nasceu em São Paulo, em 1979. Estudou cinema em São Paulo, Barcelona e Cuba. Trabalha como diretor e montador. Dirigiu, entre outros, o curta-metragem Pássaros na Boca (2016), e o longa-metragem Todos os Paulos do Mundo, exibido na 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

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  • Vitin Allencar, 34 anos, é um diretor e cineasta brasileiro. Como diretor de videoclipes é conhecido por seu trabalho inovador na indústria musical. Cofundador da produtora Dois Pontos, têm criado vídeos visualmente impactantes para artistas da cena musical brasileira, como Pabllo Vittar, Pocah e Gloria Groove. Seu trabalho tem sido reconhecido em várias listas de melhores videoclipes, e ele se destaca por sua capacidade de criar conteúdos visuais que capturam a atenção do público

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