O povo negro desse país é muito forte. Além de mais de 500 anos de resistência, incluindo escravização e racismo continuado do pós abolição, tem que aguentar, na modernidade, trabalho aviltante análogo a escravidão. Além da total conivência dos meios de comunicação tradicionais, da polícia, do judiciário e dos parlamentos Brasil afora.
Neste recente episódio dos mais de 200 trabalhadores libertos de trabalho escravo em Bento Gonçalves, tomamos conhecimento que a empreiteira responsável pela contratação dos trabalhadores já havia assinado um número grande de TACS, que outra TAC foi oferecida como forma de resolver o crime cometido, mas isto ainda não tinha acabado.
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Um vereador racista, fascista, de extrema-direita faz em plena sessão da Câmara Municipal de Caxias do Sul um pronunciamento racista, de incitamento ao crime que deveria ter causado sua prisão em flagrante, já que o crime de racismo está devidamente tipificado em lei. Mas não só isso não ocorreu, como foi necessário uma grande pressão popular para que fosse admitido o processo na comissão de ética para avaliar a sua cassação.
Como racista nunca admite que cometeu um crime o vereador Sandro Fantinel chamou seu crime de lapso de memória num pronunciamento que se pretendeu emocional, piegas e só conseguiu soar cínico e abjeto.
Seu pronunciamento racista na tribuna ofendeu o povo nordestino, o baiano em específico, a cultura e o povo negro, incitou ao crime de ódio, incitou ao crime de burla as leis trabalhistas e a discriminação.
É CRIME, É CRIME, É CRIME. E, como tal, deve ser punido.
*Regina Lúcia dos Santos é coordenadora estadual do MNU-SP e Milton Barbosa é um dos fundadores e coordenador nacional de honra do MNU.
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