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Sem corrigir desigualdades, mercado de tecnologia não preencherá vagas previstas

O setor de TI tem em mãos a chance de protagonizar a construção de um mundo inclusivo, simplesmente reproduzindo internamente o seu público consumidor

Imagem mostra dois profissionais negros na frente de um computador, um parece auxiliar o outro.

Foto: Unsplash

10 de janeiro de 2022

Sabe aquele ditado que diz que você só consegue melhorar resultados se mudar a forma como faz as coisas? Ele se encaixa perfeitamente para o atual momento do setor de tecnologia. Para manter os negócios ativos, as empresas precisarão preencher quase 800 mil postos de trabalho até 2025. Além disso, daqui para frente serão cada vez mais cobradas sobre a forma como lidam com questões sociais, de meio ambiente e de governança, seguindo a sigla ESG (do inglês Environmental, Social and Governance). Então, não dá para fechar os olhos à necessidade de dedicar atenção ao modelo de recrutamento e seleção adotado até aqui e ignorar a importância da inclusão de profissionais negros, negras e LGBTQIA+.

Com apenas 53 mil pessoas formadas por ano em cursos de perfil tecnológico e uma demanda média anual de 159 mil profissionais de Tecnologia da Informação e Comunicação, o Brasil tem um grande desafio pela frente. É o que aponta o estudo “Demanda de Talentos em TIC e Estratégia ΣTCEM”, publicado pela Brasscom no início de dezembro.

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O relatório estima que as empresas de tecnologia vão demandar 797 mil talentos de 2021 a 2025. No entanto, com o número de formandos aquém da demanda, a projeção é de um déficit anual de 106 mil talentos – 530 mil em cinco anos. São números que refletem, segundo a Brasscom, o crescimento acelerado do setor de TIC, e deixam clara a urgente necessidade de que a formação profissional também seja ampliada no mesmo ritmo.

O setor também lidera o ranking das 39 profissões mais promissoras de 2022, feito pelo PageGrooup. O estudo destaca as posições ligadas à transformação digital, ao comércio eletrônico e à inovação. A pesquisa contempla profissões consideradas de alto escalão, média e alta gerência, níveis técnicos e de apoio à gestão, além de terceiros e temporários.

É bom lembrar que as mais de 422 mil empresas de TI no Brasil, além dos especialistas, demandam profissionais de diferentes áreas. Tanto que a Trend Micro, do segmento de segurança digital ou cibersegurança, está recrutando, em São Paulo, estudantes universitários ou recém-formado em qualquer área para um treinamento remunerado de curta duração, que acontece agora em fevereiro.

Para quem já tem formação na área de tecnologia, o exemplo desta semana é o chamado da Locaweb, que está com mais de 200 vagas abertas para programadores, especialistas em redes, em segurança e em dados, analistas de testes, financeiro, profissionais de marketing e de atendimento ao cliente.

Pensando na questão social e em formas de diversificar o quadro de consultores, a Kearney, uma das maiores consultorias globais de gestão de negócios, criou um programa específico para pessoas pretas e pardas, mulheres e pessoas LGBTQIA+. O programa BeYourself@Kearney prepara estudantes e pessoas recém-formadas para a carreira em consultoria e para os processos seletivos da empresa. A iniciativa é aberta a estudantes dos grupos citados a partir do 3º ano do curso de graduação (todos os cursos são bem-vindos) ou que tenham se formado a partir de dezembro de 2019. O programa busca trabalhar a autoconfiança dos candidatos e prepará-los para os desafios do mundo de consultoria. As inscrições podem ser feitas até 16 de janeiro.

O setor de TI tem em mãos a chance de protagonizar a construção de um mundo inclusivo, simplesmente reproduzindo internamente o seu público consumidor. Não custa lembrar que empresas mais diversas não só lidam melhor com problemas e são melhor posicionadas – porque contam com múltiplas visões. Estudo feito pela consultoria Mckinsey confirma uma correlação clara entre diversidade étnica e de gênero e lucratividade, apesar de minorias e mulheres continuarem sendo sub-representados.

Leia também: Ética e diversidade devem pautar regulação da inteligência artificial

Jackeline Carvalho é fundadora e Publisher do Portal de Notícias IPNews, é formada em Jornalismo pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), possui especialização em Jornalismo Internacional pela PUCSP e em Jornalismo Econômico pela FEA-USP/Sindicado dos Jornalistas. Jackeline faz cobertura de eventos nacionais e internacionais de tecnologia e é apresentadora de eventos.

Este conteúdo não reflete, necessariamente, a opinião da Alma Preta Jornalismo

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