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Tabuleiro das Baianas: tática de sobrevivência das mulheres negras no Brasil

12 de novembro de 2018

O símbolo faz parte da exposição “Pretas Potências”, que pode ser visitada pelo público na Estação República do metrô de São Paulo

Texto / Thalyta Martins
Imagem / Reprodução

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A pressão histórica exercida pelos colonizadores sobre a comunidade negra transformou as manifestações culturais desse grupo em formas de resistência. Houve inúmeras tentativas de supressão da profissão da fé de matriz afro brasileira, do afeto e solidariedade, dos festejos, do samba e da capoeira, por exemplo, assim como a tentativa de esvaziamento de símbolos e apropriação cultural. A gastronomia não foge desta realidade e é uma das áreas onde os afro-brasileiros perpetuam pratos símbolos de resistência e religiosidade.

O Tabuleiro das Baianas é um exemplo disso, pois é um espaço onde as mulheres negras conseguem dar vazão às suas produções e garantir assim a autonomia financeira e o sustento de suas famílias, assim como serviu também para compra de alforrias e o pagamento de obrigações na casa de santo antigamente.

Nos tabuleiros, as tradicionais Baianas preservam a tradição passada de mãe para filha e vendem os pratos mais tradicionais do histórico afro-brasileiro, como Acarajé e o Abará, ambos comida de Santo. O Acarajé é oferenda para Iansã e o Abará é para Xangô. O acaçã, o bolinho de estudante, as cocadas, os bolos e mingaus também são comercializados.

Confira abaixo o modo de preparo do Acarajé.

Uma forma de reconhecimento dessa importância se reflete com a promulgação do dia 25 de novembro como Dia Nacional da Baiana de Acarajé. As Baianas de Acarajé são consideradas desde 2004 Patrimônio da Humanidade pelo Instituto do Patrimônio e Artístico Nacional (IPHAN) também. Além deste título as baianas ainda foram reconhecidas como Patrimônio Imaterial da Bahia e Patrimônio Cultural de Salvador em 2012.

Exposição

A exposição “Pretas Potências” homenageia 13 figuras da comunidade negra, representantes das 13 décadas de resistência no pós abolição da escravatura, em 13 de maio de 1888. O trabalho do artista Vinícius de Araújo, teve início no dia 10 de novembro, na Estação República do metrô. Depois, as obras vão para as linhas verde e azul do metrô.

Os universos selecionados foram Hip Hop, Samba, Moda, Literatura, Territórios, Capoeira, Danças, Teatro, Culturas Tradicionais – Afoxé, Gastronomia, Funk, Religiões de Matriz Africana e Intelectualidade.

Entre os nomes, destaque para figuras importantes do passado como o fundador do Teatro Experimental do Negro, Abdias do Nascimento, e o geógrafo Milton Santos. Nomes atuais também foram recordados, como a cantora de rap, Sharylaine, representante do Hip Hop, e Erica Malunguinho, que representa os quilombos urbanos.

A exposição é uma iniciativa do Alma Preta e da Feira Preta, festival de valorização da cultura negra e do afro-empreendedorismo. A Fundação Tide Setúbal participa como apoiadora do projeto.

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