Por: Felipe Ruffino*
No universo da diversidade e autenticidade, as escolhas individuais moldam a expressão de quem somos. Recentemente, o surfista Gabriel Medina tornou-se o foco de discussões, não pelo esporte que pratica, mas por suas tranças. Muitos levantaram a questão da apropriação cultural, questionando se uma pessoa branca pode, ou deve, adotar esse estilo. Neste artigo, buscamos desmistificar essa narrativa e destacar a importância da aceitação e celebração da diversidade.
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A discussão sobre apropriação cultural muitas vezes se perde em nuances, esquecendo que a identidade vai muito além da pigmentação da pele. Gabriel Medina, sendo uma pessoa branca, escolheu usar tranças, um penteado profundamente enraizado na cultura afro. Entretanto, essa escolha não deve ser vista como uma apropriação, mas sim como um exercício de liberdade individual.
É importante reconhecer que a prática de trançar cabelos tem profundas raízes culturais, especialmente nas comunidades negras. No entanto, rotular automaticamente a escolha de Gabriel Medina como apropriação cultural é reduzir a riqueza da expressão individual. Ao contrário, sua decisão pode ser encarada como uma forma de homenagem à diversidade que compõe o tecido da nossa sociedade.
É essencial destacar que a profissional responsável pelas tranças de Gabriel Medina é uma mulher negra, uma profissional que realiza seu trabalho com maestria. Esse detalhe é crucial, pois demonstra que a expressão cultural pode ser apreciada e praticada com respeito, colaboração e entendimento mútuo. A mesma não apenas contribui para a estética, mas também para a desmistificação de estereótipos e a valorização da identidade negra.
Ao abordar questões raciais, é crucial reconhecer que cada indivíduo tem sua jornada única. Gabriel Medina, ao escolher tranças, não está tentando se apropriar de uma cultura, mas sim expressar-se de uma maneira que ressoa com sua identidade. A universalidade das experiências humanas nos permite transcender barreiras e compartilhar elementos culturais de maneira respeitosa e empática.
Ao invés de focar na possibilidade de apropriação, este episódio pode servir como um convite para trançarmos histórias e construirmos pontes entre culturas. Celebrar as expressões individuais, independentemente da cor da pele, é um passo crucial para a verdadeira inclusão. As tranças do surfista podem representar não apenas uma escolha estética, mas um compromisso com a valorização das histórias e experiências das pessoas pretas.
Este é um momento para reforçar a importância de celebrar a existência e a cultura negra. Em um mundo onde o apagamento histórico ainda é uma triste realidade, cada gesto que amplia e enaltece as vozes das comunidades pretas é uma vitória. As tranças de Gabriel Medina não são apenas cabelos entrelaçados; são um símbolo de respeito, admiração e um convite para celebrarmos a riqueza da diversidade.
* Felipe Ruffino é jornalista, pós graduado em Assessoria de Imprensa e Gestão da Comunicação, possui a agência Ruffino Assessoria e ativista racial, onde aborda pautas relacionada à comunidade negra em suas redes sociais @ruffinoficial.