PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Funai é criticada por mudar critérios de definição de quem é indígena no Brasil

indigena_capa

5 de fevereiro de 2021

O reconhecimento agora depende de critérios definidos pela Fundação Nacional do Índio; autodeclaração é prevista na Constituição e Ministério Público diz que mudança é inconstitucional

Texto: Roberta Camargo | Edição: Nataly Simões | Imagem: Agência Brasil

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

O Ministério Público Federal (MPF) considerou inconstitucional a decisão da Fundação Nacional do Índio (Funai) de mudar as regras de autodeclaração de pessoas indígenas  por não ver fundamentamento na medida. Em nota divulgada na quinta-feira (4), o Ministério recomenda a revogação da decisão que havia sido anunciada pela fundação em 22 de janeiro e se posiciona “firmamente contra”.

 A alteração nas normas de autodeclaração acontece dentro de um contexto em que a população indígena brasileira se aproxima das 1 mil mortes causadas pela Covid-19. Entre os critérios definidos pela Funai, é necessário que o cidadão comprove vínculo histório e tradicional de ocupação no Brasil, se autodeclare indígena, tenha origem e ascendência pré-colombiana e seja identificado dentro do grupo étnico já existente.

Segundo a fundação, o objetivo é “padronizar e dar segurança jurídica” ao processo de autodeclaração”. Procurada pela agência Alma Preta para falar sobre o caso, a Funai não respondeu.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) atentou que a medida anunciada tem resquícios do período da didatura militar no Brasil, período marcada pelo assassinato de mais de 8 mil indígenas. O movimento se manifestou contra o ato e reforçou “profunda indignação e rejeição total a quaisquer tentativas deste governo de regredir no tempo, querendo trazer de volta o autoritarismo colonial e ditatorial para tutelar os povos indígenas”.

A Constituição Federal de 1988 prevê que povos indígenas têm direito à autodeterminação, que implica, entre outros tópicos, no reconhecimento de sua cultura, tradições e crenças. 

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano