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Ato reúne cerca de 200 pessoas a favor da liberdade de jovens presos injustamente

14 de setembro de 2018

De acordo com organizadora, o objetivo é unir forças para se fazer ouvir pelo estado brasileiro

Texto e imagem / Vine Ferreira

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No dia 13 de setembro (quinta-feira), coletivos negros, movimentos sociais e manifestantes uniram-se às famílias de Babiy Querino, Igor Barcelos e Marcelo Dias, para reclamar a liberdade desses três jovens na Praça da Sé, em frente ao Tribunal de Justiça de São Paulo.

A concentração partiu por volta das 19h da fachada do TJ-SP, onde as famílias levaram um abaixo-assinado junto aos números dos processos, solicitando uma audiência pública, seguindo até o Ministério Público, onde protocolaram esses documentos.

Conheça os casos

Barbara Querino (20), mulher negra, foi condenada a cinco anos e quatro meses de prisão por assalto a mão armada, crime que não cometeu. Fotos, vídeos e duas testemunhas provam que ela estava trabalhando como modelo na cidade de Guarujá, litoral de SP, no dia de um dos crimes.

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Mãe de Babiy Querino (Imagem: Vine Ferreira)

Marcelo Dias, homem negro, presidente da ONG Novos Herdeiros e membro da Soka Gakai Internacional (grupo filiado à ONU), foi condenado por formação de quadrilha e tráfico de drogas por estar próximo a uma cena de crime. No dia 9 de julho, enquanto entrava em seu carro para uma atividade da ONG, presenciou uma perseguição policial e, no momento, da fuga caiu um pacote drogas no chão. A PM retornou ao local e atribuiu a droga a Marcelo que foi apreendido. Ele está preso há três meses e teve um pedido de Habeas Corpus negado.

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Mãe de Marcelo Dias (Imagem: Vine Ferreira)

Igor Barcelos (20), homem negro, foi condenado a 15 anos e seis meses de prisão por roubo de carro e tentativa de latrocínio de um PM em Guarulhos. Outro detido na ocasião confessou ter roubado o carro e afirmou que não conhece Igor. Além disso, o PM também não o reconheceu como autor da tentativa do crime contra a vida. Na noite dos ocorridos, em outubro do ano passado, Igor deu entrada no hospital do Jaçanã por ter sido baleado no tornozelo enquanto estava parado em um farol com sua moto. Ele foi abordado por um carro desconhecido que efetuou os disparos. Tudo isso ocorreu a 15 km de distância da tentativa de latrocínio do PM. Apesar dos protestos da família, jovem segue preso.

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À direita, mãe de Igor Barcelos (Imagem: Vine Ferreira)

Prisões provisórias, arma do estado

Andreza Delgado, estudante de direito e integrante do Observatoria do Direito e Cidadania da Mulher, aponta a prisão preventiva como mais uma forma de encarceramento em massa de pessoas, que vitima, principalmente pessoas negras.

“A prisão preventiva é um dispositivo que é pra ser usado em último recurso e, hoje nós já temos 1/3 da população presa provisoriamente, esperando passar pelo processo de julgamento. É um absurdo, mas isso mostra o quanto existe um projeto dentro do direito, usado como uma ferramenta da elite, da estrutura da branquitude. Ele se sustenta com a carnificina da população preta, pobre e indígena. É um projeto falido. O direito tem que acabar.”, afirma.

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Andreza Delgado (Imagem: Vine Ferreira)

As famílias clamam por justiça. Dentre vários outros jovens negros presos injustamente, Babiy e Igor foram condenados por crimes que comprovadamente não cometeram, enquanto Marcelo ainda aguarda julgamento, completando três meses em cárcere privado.

“Eu tô num momento de desespero, já entreguei o dossiê nas mãos do Márcio França [governador de SP, pelo PSB, candidato à reeleição] e da sua esposa quando eles estavam na rua.” desabafa Rosângela Donisete Dias, mãe do Marcelo.

Pelo fim do racismo institucional

Mesmo sob toda falta de atenção do Estado, os manifestantes, principalmente as mães, se mostraram otimistas ao ver a união das pessoas que clamam pelo fim do racismo judiciário.

Mayara Vieira, amiga de Babiy e organizadora do evento explicou que o objetivo do ato é unir forças.

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“Fico feliz de me juntar a mais duas famílias que estão passando pela mesma situação. Se ele (o ato) vai resolver, é outra história, mas o objetivo é que nos ouçam, ouçam as nossas dores, porque existem outros casos que estão acontecendo e não estão sendo ouvidos.”, finaliza.

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