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Projeto incentiva jovens de periferia no audiovisual por meio da inteligência artificial

Iniciativa de capacitação levou 60 jovens aos bastidores do festival The Town, em São Paulo

Texto: Mariane Barbosa | Imagem: Patrick Silva/Alma Preta Jornalismo

Jovens participam de atividade do projeto CrI.Ativos da Favela, parceria entre Instituto Heinken Brasil e Central Única das Favelas (CUFA), em São Paulo, 6 de setembro de 2023 (Foto: Patrick Silva/Alma Preta Jornalismo)

28 de setembro de 2023

Com o intuito de transformar o futuro de jovens periféricos, o Instituto Heineken Brasil desenvolveu o seu primeiro produto social em parceria com o festival The Town. Idealizado em colaboração com a Central Única das Favelas (CUFA), a Heineken levou 60 estudantes para conhecer os bastidores do maior festival de música, cultura e arte de São Paulo e dar início ao Projeto “CrI.Ativos da Favela”, voltado para a capacitação audiovisual com foco em inteligência artificial.

Os estudantes farão parte da primeira turma da iniciativa gerenciada pela agência Favela Filmes, responsável pela estruturação e gestão do curso com duração de três meses, iniciado em 11 de setembro. Além da produção audiovisual, o objetivo é que os jovens dominem conceitos sobre inteligência artificial e seus usos na vida cotidiana por meio de uma mentoria que une conhecimentos técnicos e teóricos. 

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Em discurso aos jovens, que visitaram a Cidade da Música, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, no dia 6 de setembro, Roberta Medina, vice-presidente executiva do The Town, pontuou a importância da iniciativa para iniciar uma carreira profissional. “Muito feliz de estar acontecendo aqui uma proposta de formação com um conteúdo tão moderno”, celebrou.

Para financiar a ideia, a gerente do Instituto Heineken Brasil, Vânia Guil, ressaltou que toda a venda de Heineken 0.0 — produto sem álcool da patrocinadora master do The Town — realizada nos dias de festival, será revertida para o projeto.

“O instituto tem um ano de criação, com um foco muito específico em trabalhar com catadores, ambulantes e jovens em situação de vulnerabilidade. Olhando um pouco para esses três eixos e com essa parceria acontecendo, nasceu a vontade de fazer o primeiro produto social da Heineken para apoiar os jovens da periferia”, disse Guil, em entrevista à Alma Preta.

‘Sempre tive a vontade de fazer por alguém o que fizeram por mim’

Na produção da iniciativa, também há quem já esteve “do outro lado do muro”, o que torna o projeto ainda mais especial para a diretora de produção executiva da CUFA, Elaine Caccavo, e para o CEO da Favela Filmes e diretor de filmes publicitários, John Oliveira.

“As expectativas são as maiores possíveis. São 60 famílias de 60 jovens que poderiam estar fazendo qualquer outra coisa, mas estão aqui com a gente, indo alcançar seus objetivos profissionais, olhando para o futuro de uma maneira que outro monte de pessoas gostaria e não vai poder”, diz Caccavo.

Essa é uma dura realidade para jovens de todo o mundo. Um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que analisou os impactos da pandemia, descobriu que os desafios enfrentados por pessoas de 15 a 24 anos no mercado de trabalho são maiores do que em qualquer outra faixa etária. Além disso, outra amostragem da entidade confirma que um em cada quatro jovens brasileiros não trabalha e nem estuda.

Por trás da gestão do curso, John Oliveira ressalta que a Favela Filmes já acredita há muito tempo no potencial e no poder de transformação que o audiovisual possui. Pensando em como se destacar no mercado de trabalho, ele passou a estudar a inteligência artificial por entender a necessidade do mercado. Diante disso, moldou o curso com o perfil tecnológico, apostando na inclusão criativa. 

“Eu já estive sentado neste lugar e sempre tive vontade de fazer por alguém o que fizeram por mim, porque eu sei que foi transformador na minha vida, porque eu me apaixonei pelo audiovisual e essa trajetória me fez buscar outros caminhos”, compartilha. “A ideia é potencializar essa criatividade deles justamente para fazer essa transformação de forma efetiva”.

Para a estudante de jornalismo Larissa Dandara, uma das alunas selecionadas para a iniciativa, a formação também é uma oportunidade de quebrar paradigmas. Embora representem 28% da sociedade brasileira, as mulheres negras são apenas 11% da força de trabalho no ramo tecnológico, segundo dados da Preta Lab.

“A minha maior expectativa é entender o que é a inteligência artificial em si e como ela pode ser colocada em prática no meu território e nas favelas em que o Coletivo Quilombos Urbanos atua. Estou muito feliz por ter uma nova experiência enquanto mulher preta, principalmente quando abordamos a tecnologia”, evidencia. 

‘Estamos escrevendo uma página nova’

Em meio à celebração, os alunos também receberam um convite para participarem de um dia no festival. Luana Nascimento não conseguiu segurar a sua empolgação ao perceber que iria assistir ao show da Ludmilla no The Town. 

“Eu estou bem animada, não só pelo show, mas também pela experiência de vivenciar, estar dentro da ilha da imprensa, ver como tudo é feito por trás, estou muito feliz!”, revela. “E no futuro, também quero ajudar o máximo de pessoas possível, como eu estou sendo ajudada agora, isso é o mais importante. Querendo ou não, a gente que vem lá de baixo, nós não temos essas oportunidades, então a gente precisa abraçar o máximo possível.” 

Para o ativista e produtor cultural Preto Zezé, além de construir um novo legado, o projeto também representa uma nova oportunidade para conectar potências. “Estamos escrevendo uma página nova. Abriu a porta para a favela, a favela vai entrar e não vai sair mais”, celebra. 

“A CUFA, a Heineken e o The Town estão construindo uma história que vai mudar para sempre essa relação. Nesse aprendizado mútuo, nós vamos produzir uma nova relação entre as marcas, entre as favelas e entre os grandes eventos. E a gente vai ficar não mais como objeto de estudo, nós somos os protagonistas desse processo e não coadjuvantes da nossa própria história”, diz.

Questionada sobre os próximos capítulos, Vânia Guil enfatizou seu desejo de amplificar o Projeto “CrI.Ativos da Favela”. Em sua visão, com resultados positivos ao final do curso, as possibilidades são diversas. “A ideia é que, caso tudo dê certo, com os resultados que a gente espera, a gente consiga expandir para outros festivais também. É só o começo.”

*Este artigo é fruto de uma parceria paga com o Instituto Heineken Brasil.

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  • Mariane Barbosa

    Curiosa por vocação, é movida pela paixão por música, fotografia e diferentes culturas. Já trabalhou com esporte, tecnologia e América Latina, tema em que descobriu o poder da comunicação como ferramenta de defesa dos direitos humanos, princípio que leva em seu jornalismo antirracista e LGBTQIA+.

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