Para marcar os 30 anos do genocídio do povo tutsi, em Ruanda, jovens artistas recriam fotografias e retratos das vítimas para seus entes queridos. A maioria dos ilustrados nem sequer tinha nascido quando as mais de 800 mil pessoas foram assassinadas por extremistas Hutu. O país planeja, a partir do dia 7, uma série de atos e homenagens em referência aos 100 dias de massacre.
Em blocos de desenho ou em formato digital, o trabalho desses artistas tem sido uma maneira de preservar a imagem e a memória das vítimas, além de ilustrar a visão de um passado doloroso para o país.
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Idealizado por King Ngabo, de 28 anos, o projeto “Art for Memories” (arte para memórias, em tradução livre) há um ano, os artistas do grupo recriam, gratuitamente, novos retratos de mortos e desaparecidos a partir de fotografias antigas e muitas vezes danificadas. Desde então, cerca de 450 vítimas do genocidio de 1994 foram transformadas em artes.
Em entrevista à AFP, King disse que costuma fazer o convite aos entes queridos das vítimas através das redes sociais e as traz “de volta à vida”. Ele também destacou que apesar de conhecer muitas histórias sobre o massacre, nunca teve o “privilégio” de poder falar com um sobrevivente.
Mucyo Martin, um ilustrador independente de 20 anos, acrescenta que durante o genocídio, desenhos eram usados para espalhar propagandas anyi-tutsi, transmitida pela televisão e rádio. “Então agora somos nós, jovens artistas, que fazemos ilustrações também, decidimos corrigir isso”, conclui.