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Sem apoio, atletas quenianos enfrentam crise de saúde mental

Pressões financeiras, proibições por doping e isolamento social acentuam dificuldades de corredores quenianos em meio a onda de mortes no país
Um grupo de corredores participa de uma sessão de treinamento em 13 de março de 2019 em Iten, Quênia. As dificuldades de saúde mental dos atletas quenianos e a falta de apoio ficaram sob os holofotes na potência da corrida da África Oriental após uma onda de mortes nas últimas semanas.

Foto: Franck Fife/AFP

5 de novembro de 2024

O Quênia, lar de alguns dos melhores corredores de longa distância do mundo, enfrenta uma crise de saúde mental entre seus atletas, destacada por uma série de mortes recentes e pela falta de apoio para enfrentar problemas como o doping, a violência doméstica e as pressões financeiras. 

O tema tem gerado discussões sobre o impacto da saúde mental no esporte, semelhante ao que foi abordado publicamente pela ginasta Simone Biles e a tenista Naomi Osaka.

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A situação dos atletas quenianos é agravada pela necessidade de sucesso esportivo para sustentar suas famílias, o que aumenta a pressão emocional e mental sobre esses competidores. Embora os corredores quenianos sejam mundialmente reconhecidos e celebrados, muitos enfrentam dificuldades para lidar com a enorme expectativa que lhes é imposta, além dos desafios financeiros e de saúde mental resultantes de proibições e problemas pessoais.

Desde 2017, mais de 80 atletas quenianos foram suspensos por uso de substâncias proibidas, segundo a World Athletics Integrity Unit. A perda de patrocínios e as sanções de longo prazo deixam esses atletas com consequências econômicas e psicológicas significativas. 

Um exemplo é o caso de Kipyegon Bett, medalhista de bronze mundial nos 800 metros em 2017, que morreu no hospital em outubro deste ano aos 26 anos, devido a insuficiência renal e hepática provocada pelo consumo excessivo de álcool após sua suspensão por doping em 2018.

“Ele entrou em depressão e começou a beber muito”, disse sua irmã, Purity Kirui, acrescentando que Bett não conseguiu retomar a carreira competitiva mesmo após o fim da proibição em 2022.

Na mesma semana da morte de Bett, o corpo de outro atleta, Clement Kemboi, foi encontrado em Iten, conhecido centro de treinamento de alta altitude. Esse cenário alarmante acendeu o alerta na comunidade esportiva queniana, e Barnaba Korir, membro executivo da Athletics Kenya (AK), declarou que o problema da saúde mental dos atletas é urgente e exige uma resposta efetiva.

A situação também gerou um apelo de Julius Yego, medalhista de prata olímpico no arremesso de dardo, que destacou o isolamento dos atletas punidos por doping e a falta de apoio da Athletics Kenya e de seus antigos gerentes. Segundo Yego, muitos atletas suspensos enfrentam dificuldades sozinhos, sem qualquer amparo.

Outros casos recentes incluem a morte do maratonista de 53 anos Samson Kandie em um ataque violento, e de Willy Kipruto Chelewa, também encontrado morto. As circunstâncias das mortes permanecem sob investigação, e a esposa de Kandie e outras três pessoas foram levadas a julgamento.

A crescente onda de violência e o aumento das mortes entre atletas quenianos também revelam a vulnerabilidade dos corredores, que acabam sendo alvos devido à sua relativa prosperidade. O campeão olímpico Asbel Kiprop afirmou que, para garantir a segurança, muitos atletas têm se unido às forças policiais, além de tomarem precauções em suas rotinas.

“A situação exige vigilância. Muitos atletas estão se tornando alvos, como no caso de Kandie, que foi atacado do lado de fora de sua casa em Eldoret”, disse Kiprop.

Texto com informações da Agence France-Presse (AFP).

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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