Paris – Neste domingo (28), a maranhense Rayssa Leal conquistou sua segunda medalha olímpica, com um bronze no skate street feminino. Com o feito, ela se tornou a atleta mais nova a conquistar medalhas em duas competições olímpicas diferentes, aos 16 anos e seis meses. Em Tóquio, a brasileira conquistou a prata com apenas 13 anos. Já agora, em Paris, confirmou o favoritismo ao pódio.
Em uma disputa difícil, o ouro de 2024 ficou com a japonesa Yoshizawa Coco e a prata com a também japonesa Akama Liz. O pódio deste domingo (28) repete a ordem do atual ranking mundial de skate street feminino.
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Na saída do evento, Rayssa falou à Alma Preta sobre ter se tornado uma inspiração para meninas e adolescentes negras do Brasil.
“Só de ser inspiração para mim já é muito gratificante, sabe? Ainda mais sabendo que muitas mulheres negras, querendo ou não, passam por preconceito na infância e até já na vida adulta. Então eu me sinto muito honrada, porque a força que nós temos é diferente, né? Fico muito feliz mesmo de servir como inspiração, não só para as crianças, mas para todo mundo”, contou a estrela olímpica segurando nas mãos o bronze recém-conquistado.
Aos jornalistas na zona mista, a medalhista compartilhou que sentiu nervosismo durante a prova, mas que conseguiu se superar ao perceber que só precisava relaxar e tentar se divertir. Ela também afirmou que se sentiu em casa devido à presença da torcida brasileira e que se sente muito mais madura em relação às Olimpíadas de Tóquio.
A skatista contou ainda que a playlist que ouviu durante a competição tinha músicas de Djavan (Um Amor Puro), Os Nonatos (Mudar pra quê?), Zezé di Camargo e Luciano (É o Amor) e L7.
Com forte presença da torcida brasileira na arena, o palco da medalha de Rayssa foi a histórica Praça da Concórdia — onde ícones da Revolução Francesa foram guilhotinados. O apoio à brasileira foi um dos destaques da disputa, sendo a skatista a competidora com a torcida mais vibrante da arena.
A praça onde ocorreu a competição fica próxima dos Jardins das Tulherias e do Museu do Louvre. Lá estão também as arenas de esportes urbanos como o BMX, o estreante Breaking, o Basquete de 3×3 e o Skate.
Melhores do mundo e nota histórica japonesa
A conquista de Rayssa foi alcançada em uma final tensa e cheia de reviravoltas, sob forte sol e calor. A medalha veio em disputa de final com outras oito skatistas: as japonesas Nakayama Funa, Akama Liz e Yoshizawa Coco; as estadunidenses Poe Pinson e Paige Heyn; a australiana Chloe Covell; e a chinesa Chenxi Chui.
Essas são algumas das melhores skatistas do mundo. Yoshizawa Coco é a primeira colocada do ranking mundial; Akama Liz é a segunda; Chloe Covell, a sexta; Chenxi Cui, a oitava; e Paige Heyn, a 11ª.
Terceira colocada do ranking mundial e bicampeã do mundo, Rayssa conquistou a maior nota da história das Olimpíadas durante as eliminatórias, com uma manobra que lhe rendeu 92.68 pontos. Ela superou o próprio feito na final, com uma manobra que lhe rendeu 92.88 pontos. Apesar disso, a disputa era difícil e a japonesa Yoshizawa Coco conseguiu uma manobra histórica, com a pontuação de 96.49, garantindo o ouro incontestável.
Reviravoltas e solidariedade
A rodada das voltas livres terminou com o ranking liderado pelas três japonesas. Em primeiro, a vice-líder do ranking mundial, Akama Liz, fez uma segunda volta surpreendente, com 89.26 pontos — superando uma primeira volta de apenas 13.28 pontos. Logo em seguida, vieram Yoshizawa Coco, com 86.80 pontos e Nakayama Funa, com 79.77 pontos. Rayssa terminou a primeira rodada em quinto lugar, com 71.66 pontos, atrás da estadunidense Poe Pinson.
Na rodada final, somando as notas válidas das manobras, a classificação mudou. As duas primeiras japonesas trocaram de lugar. Já Rayssa conseguiu chegar ao pódio apenas na última manobra, que lhe rendeu 88.83 pontos e a medalha de bronze.
A classificação final ficou assim:
1º – Yoshizawa Coco, com 272.75 pontos;
2º – Akama Liz, 265.95;
3º – Rayssa Leal, 253.37;
4º – Chenxi Cui, 241,56;
5º – Pinson Poe, 222.34;
6º – Heyn Page, 163.23;
7º – Nakayama Funa, 79.33;
8º – Chloe Covell, 70.33.
A última colocada também chamou atenção pela emoção diante dos erros nas manobras e a dificuldade para pontuar — a atleta caiu do skate em todas as tentativas na rodada final. A certa altura ela chegou a chorar nos braços de sua equipe técnica. O público presente se solidarizou com ela, apesar do resultado, vibrando a cada nova tentativa, lembrando que em uma Olimpíada todos os atletas merecem aplausos.