Organizado pela revista de fotografia do Instituto Moreira Salles, o Festival ZUM acontece nos dias 2 e 3 de novembro, no IMS Paulista, em São Paulo. Serão dois dias de atividades gratuitas, incluindo feira de fotolivros, oficina e bate-papos com grandes nomes da cena artística, entre eles, o cantor e compositor Rico Dalasam.
O artista participa da mesa “Sonhar pra ser”, que acontece no domingo (3), às 16h, com mediação da jornalista Adriana Ferreira Silva, além da presença da cineasta Sabrina Fidalgo. A atividade discute a importância de construir novas histórias e imagens para sonhar com um país mais diverso e menos desigual.
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À Alma Preta, o autor do álbum “Escuro brilhante, último dia no orfanato Tia Guga” (2023), que se desdobrou em podcast sobre sua experiência de orfandade, expressou sua felicidade em participar do projeto, que marca a sua estreia na cena das artes visuais, após nove anos de carreira.
“O convite aconteceu porque esse ano eu comecei a me dedicar à escrita, que não tem a ver com música, mas com a minha escrita autobiográfica. A escrita oferece uma série de imagens, inclusive, tenta discutir a ausência de várias imagens, né, de vários símbolos, a partir da orfandade, então eu tô muito contente, porque é algo que eu desejo há muito tempo, sabe, e foi notado, tô muito feliz”, celebrou.
Dalasam compartilha que o álbum, prestes a completar um ano de estreia, se desdobrou na série de podcast “Último Dia no Orfanato Tia Guga”, um compilado de conteúdos literários que possibilitaram a inserção do cantor no mundo das artes visuais.
“Acho que eu, finalmente, me mostrar escritor, independente da carreira de compositor, me refresca, me dá um ânimo novo no meu processo […] Enquanto eu vou entendendo qual é o método, o método tá acontecendo, que são as rodas de conversa, o ensaio literário e essa experiência de circulação que envolve cruzar com artistas visuais, e conseguir viver enquanto eu tô produzindo essa obra, que é exatamente o que eu desejava trazer”, expressa o cantor.
Lançamento da 27ª edição da ZUM
O festival também apresenta como destaque a presença de Zanele Muholi, artista e ativista visual cuja obra ganhará exposição retrospectiva no IMS Paulista, em fevereiro de 2025.
Um dos principais nomes da arte contemporânea mundial, Muholi vem ao Brasil para produzir novos trabalhos e conversar com o público sobre seu ativismo e seu projeto fotográfico em defesa da comunidade queer negra sul-africana, da qual faz parte, como pessoa não binária.
Participam ainda a artista Tadáskía, o cineasta Lincoln Péricles, um dos fundadores da Cinemateca da Quebrada, Gê Viana, artista maranhense e pesquisadora, e Giselle Beiguelman, artista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), entre outros nomes.
A programação do evento inclui o lançamento da 27ª edição da ZUM, a revista semestral de fotografia do Instituto Moreira Salles (IMS). Este ano foram selecionadas 45 publicações entre 147 fotolivros, zines, catálogos e livros de fotografia de todas as regiões do Brasil, além de países da América Latina e da Europa.
A capa do novo número traz a série Álbum de desesquecimentos (2024), da artista Mayara Ferrão. Em texto publicado na revista, a crítica literária Fernanda Silva e Sousa comenta a produção de Ferrão que, a partir da inteligência artificial e de banco de imagens, cria cenas afetivas e familiares, em contraponto ao apagamento das narrativas negras.
Confira a programação completa do Festival ZUM
A programação de sábado (2) inclui três debates. Às 15h, a artista Tadáskía conversa com a jornalista e cineasta Olinda Tupinambá sobre a performance como ferramenta para construir relações afetivas, reforçar a potência do cotidiano e resistir ao apagamento. A mediação será de Amanda Carneiro, curadora do Masp.
Em seguida, às 17h, a mesa “Rituais de comunhão” será composta pela artista e pesquisadora Gê Viana, o artista Caio Pacela, cuja pintura Amálgama é destaque da ZUM #27, e o cineasta e educador popular Lincoln Péricles.
O bate-papo, com mediação da jornalista Tatiane de Assis, estabelecerá diálogos entre a produção de cada artista e a construção de diferentes tipos de comunidades, a partir da experiência quilombola de Viana, evangélica de Caio e do mutirão documentado por Péricles.
Às 19h, em rara visita ao Brasil, Zanele Muholi conversa com o público sobre seu trabalho artístico e ativismo na luta contra a violência de gênero e raça na África do Sul. Unindo arte e política, Muholi produz séries fotográficas que valorizam a beleza queer negra de sua comunidade.
No domingo (3), às 14h, as artistas Giselle Beiguelman e biarritzzz conversam com o arquiteto e artista Guilherme Bretas sobre o uso da tecnologia na arte contemporânea, apontando os desafios e possibilidades que a inteligência artificial traz para subverter arquivos e desafiar visões coloniais. A fala será mediada por Pollyana Quintella, curadora da Pinacoteca de São Paulo.
A mesa “Sonhar pra ser”, às 16h, traz o rapper Rico Dalasam, autor do álbum Escuro brilhante, último dia no orfanato Tia Guga (2023), que se desdobrou em podcast sobre sua experiência de orfandade, e a roteirista e cineasta Sabrina Fidalgo, diretora dos filmes Black Joy (2023) e Alfazema (2019).
Com mediação da jornalista Adriana Ferreira Silva, o bate-papo abordará a importância de construir novas histórias e imagens para sonhar com um país mais diverso e menos desigual.
Oficinas e Feiras de Livros
Além dos debates, no sábado (2), às 10h, acontece a tradicional apresentação das publicações selecionadas na Convocatória de Fotolivros ZUM/IMS. A seleção traz um panorama dos fotolivros lançados no último ano. Em seguida, três obras serão premiadas por um júri.
Nos dois dias de festival, a Feira de Fotolivros reunirá publicações de cerca de 30 editores, coletivos e artistas no térreo do centro cultural. A programação também inclui uma oficina de colagem ministrada pela artista Gê Viana, no domingo (3), das 10h às 13h.
As pessoas participantes discutirão imagens a partir de arquivos coloniais e familiares e é necessária inscrição prévia. Ainda no mesmo dia, às 11h, haverá um bate-papo em homenagem ao historiador Mauricio Lissovsky (1958-2022) com Ronaldo Entler, Lívia Aquino e Pio Figueiroa, na Biblioteca.
Durante o evento, o público também poderá conferir a instalação “Corpo Preta”, da artista MuSa Michelle Mattiuzzi, exibida na Biblioteca. Concebida com apoio da Bolsa ZUM/IMS 2023, a obra parte da ideia de fabulação crítica para construir novas imagens a partir do estudo de arquivos históricos coloniais de pessoas negras na Bahia.