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BATEKOO adia festival por falta de patrocínio e denuncia racismo no mercado publicitário

Sócio da plataforma cultura negra e LGBTQIAPN+ apontou pacto da branquitude no mercado; evento seria no fim de novembro e ainda não tem nova data
Imagem mostra uma das festas da BATEKOO.

Foto: Divulgação/BATEKOO

6 de novembro de 2024

A BATEKOO, maior plataforma de entretenimento, cultura e educação voltada para as comunidades negra e LGBTQIAPN+ no Brasil, anunciou nos últimos dias o adiamento de seu festival anual devido à falta de patrocínio.

Segundo os organizadores da terceira edição do evento, que ocorreria em 23 de novembro em São Paulo, a decisão expõe o racismo estrutural que ainda guia o mercado publicitário, revelando nuances do real compromisso com a diversidade e a inclusão.

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De acordo com comunicado oficial, o festival não acontecerá após um esforço incansável, que envolveu a elaboração de cases impactantes e uma intensa prospecção comercial, buscando apoio junto a mais de 100 marcas e plataformas nacionais. “A dura realidade da ausência de patrocinadores tornou a realização do festival inviável para 2024”, disse a produção.

Maurício Sacramento, fundador e CEO da BATEKOO, se pronunciou sobre sua fustração em trabalhar com cultura no Brasil.

“É muito bom falar de vitórias, mas também é muito importante falar sobre derrotas. O Festival da BATEKOO foi adiado por falta de patrocínio e tem sido frustrante trabalhar com cultura no Brasil. Sobretudo, se você é uma liderança negra. Se entregamos o mesmo (ou mais) em relevância, números e alcance, por que os festivais propostos por e para a comunidade negra do Brasil ainda estão sendo esquecidos nas decisões de grandes empresas em onde investir?”, questionou.

Artur Santoro, curador e sócio da BATEKOO, apontou para um apagamento de iniciativas negras que frequentemente são ignoradas em favor de projetos que não refletem a verdadeira diversidade do país.

“O mais difícil é saber que, ainda hoje, existem marcas no Brasil que não cumprem nem 10% de pessoas negras em sua equipe, muito menos nas agências contratadas. […] 90% dos contratos de marcas que a BATEKOO fechou foram encabeçados pelas poucas (e às vezes únicas) pessoas negras existentes na empresa”, relatou.

Artur ressaltou que, em muitos casos, a ausência dessa representatividade afeta diretamente a distribuição de verbas para projetos culturais voltados para a comunidade negra e LGBTQIAPN+.

“O pacto narcisístico da branquitude – mesmo que silencioso – pode até levantar a bandeira antirracista, mas não se reflete na hora de desenhar as verbas milionárias anuais. É importante dizer que neste ano a nossa régua de logos diminuiu lá pelos 70%. A pauta é nossa, mas também coletiva. Quando foi que os projetos negros perderam a relevância cultural a ponto de não conseguirem nenhum apoio, muito menos um patrocínio?”.

Ainda segundo o comunicado, o adiamento do festival reforça a importância de marcas e empresas se comprometerem efetivamente com a pluralidade de suas apostas, para que projetos artísticos relevantes para comunidades negras e LGBTQIAPN+ possam existir e se fortalecer no calendário brasileiro.

“Apesar dos desafios frequentes e inúmeros, a BATEKOO garante que não encerra sua jornada aqui e afirma que o festival retornará em 2025 com a força de sempre”, conclui o informe.

A produção do evento afirmou que quem já adquiriu ingressos para o festival terá direito a reembolso ou a reaproveitamento.

  • Redação

    A Alma Preta é uma agência de notícias e comunicação especializada na temática étnico-racial no Brasil.

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