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Mais de 30 milhões de pessoas precisam de ajuda no Sudão após 20 meses de guerra, alerta ONU

Habitantes do Sudão que fugiram da escalada da violência no estado de Al-Jazira são retratados em um campo para deslocados na cidade de Gedaref, no leste, em novembro de 2024.

Foto: Agence France-Presse

6 de janeiro de 2025

Mais de 30 milhões de pessoas, sendo mais da metade crianças, estão em necessidade urgente de assistência no Sudão, após 20 meses de intensos conflitos. A Organização das Nações Unidas (ONU) fez um apelo nesta segunda-feira por uma ajuda internacional de “escala inédita”, visando arrecadar US$ 4,2 bilhões (cerca de R$ 25,6 bilhões) para atender a 20,9 milhões de pessoas em todo o país, de um total de 30,4 milhões em situação de vulnerabilidade.

Edem Wosornu, representante do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), descreveu a situação como uma crise humanitária de proporções devastadoras. Durante uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, ela destacou a propagação da fome e da desnutrição como resultado direto das decisões de continuar a guerra, independentemente das consequências civis.

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“A escala sem precedentes das necessidades no Sudão exige uma mobilização igualmente sem precedentes do apoio internacional”, afirmou Wosornu.

Beth Bechdol, diretora-geral adjunta da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), reforçou o pedido, apelando aos Estados-membros da ONU para agirem tanto politicamente quanto financeiramente.

“Precisamos do seu apoio para acabar com as hostilidades e oferecer alívio imediato ao povo sudanês. Eles precisam urgentemente de alimentos, água, abrigo, medicamentos e assistência agrícola de emergência”, alertou.

A guerra, iniciada em abril de 2023 entre o exército sudanês e as Forças de Apoio Rápido (RSF), destruiu o país e empurrou milhões para a beira da fome, conforme aponta a Agence France-Presse. Mais de oito milhões de pessoas foram deslocadas internamente, além de 2,7 milhões que já viviam em condições precárias antes do conflito. Com 3,3 milhões de refugiados além das fronteiras, o Sudão enfrenta a maior crise de deslocamento interno do mundo.

A fome já foi declarada em cinco áreas do país e estima-se que outras cinco serão atingidas até maio, colocando 8,1 milhões de pessoas à beira da morte por desnutrição. No entanto, o governo sudanês, alinhado ao Exército, nega que exista fome no país, enquanto as agências humanitárias enfrentam obstáculos burocráticos e violência ao tentar acessar as regiões afetadas.

Ambos os lados do conflito têm sido acusados de usar a fome como uma arma de guerra. Durante grande parte do conflito, a ONU teve dificuldades em arrecadar até mesmo uma fração dos recursos necessários para a resposta humanitária.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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