Movimentos do campo interditaram trechos das BRs 101 e 104 em Alagoas na manhã desta segunda-feira (14), como parte da Jornada Nacional de Luta em Defesa da Reforma Agrária Popular. As manifestações reúnem centenas de camponeses e camponesas em União dos Palmares e Teotônio Vilela, que cobram do governo estadual o cumprimento de um acordo firmado em 2016.
A mobilização foi organizada por diversas entidades, entre elas Comissão Pastoral da Terra (CPT), Frente Nacional de Luta (FNL), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento Popular de Luta (MPL), Movimento Social de Luta (MSL), Movimento Via do Trabalho (MVT), Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) e Movimento Terra Livre (TL).
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Reivindicação por terras da massa falida do grupo João Lyra
Os protestos têm como foco a destinação de áreas da massa falida do Grupo João Lyra para fins de reforma agrária. Desde a falência do grupo, anunciada entre 2011 e 2014, movimentos do campo passaram a reivindicar o assentamento de famílias nas terras das usinas Guaxuma, Uruba e Laginha.
Em 2016, após negociações com o governo do estado, a massa falida e o Tribunal de Justiça de Alagoas, foi firmado um acordo. A proposta previa a retomada da produção em uma das usinas para pagamento de credores e, como contrapartida, a destinação de 1.500 hectares da Usina Guaxuma e toda a área da Usina Laginha para assentamentos. Segundo os movimentos, o compromisso não foi cumprido.
Jornada de abril e memória do massacre de Eldorado dos Carajás
As manifestações integram a agenda de abril da Jornada Nacional da Reforma Agrária Popular, que neste mês relembra os 29 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 1996 no Pará, quando 21 trabalhadores rurais foram assassinados pela Polícia Militar durante uma manifestação.
Segundo os organizadores, além de cobrar o cumprimento de acordos, a jornada destaca a importância da reforma agrária para a produção de alimentos saudáveis e o enfrentamento da desigualdade no campo. “Relembrar Eldorado é manter viva nossa história e reafirmar a atualidade da luta”, afirmam os manifestantes, de acordo com nota do MST.
A coordenação do MST afirma que as mobilizações continuarão até que o governo estadual retome as negociações. A Jornada de Lutas segue em abril em todo o país, com o lema “Ocupar para o Brasil alimentar”.