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Alunos de escola nobre são acusados de cometer racismo em grupo virtual

Outros estudantes também acusam a Escola Sartre de omissão por falta de medidas efetivas após o conhecimento do fato; Caso deve ser levado ao Ministério Público

Texto: Dindara Ribeiro | Edição: Lenne Ferreira | Foto: Reprodução/Google Street View

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10 de novembro de 2021

Alunos da Escola Sartre, colégio nobre de Salvador, estão sendo acusados de racismo após uma troca de mensagens com cunho racista feita em um grupo no WhatsApp. Entre os comentários feitos pelos estudantes do ensino médio estão frases como “Pretos morram”, “Baniram piada de negros porém não sabem que os negros já são a piada” e “Macacos são pouco inteligentes” como mostram os prints divulgados na internet. 

A escola fica localizada no bairro do Itaigara, região de área nobre da capital baiana. Os registros das conversas dos alunos foram divulgados em um perfil no Instagram. Conforme a denúncia, a escola também está sendo acusada pelos pais e estudantes por omissão, já que a escola tomou conhecimento do caso, no entanto, não adotou um posicionamento efetivo.

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“A aula que a coordenadora entrou para falar sobre o caso foi a primeira aula, mas ela não deixou explícito que foi sobre racismo ou fez discurso antirracista. Ela pediu para que a turma não humilhasse e faltasse com respeito com quem tava envolvido (apesar de que na sala de aula, que eu tenha visto, ninguém falou nada)”, disse uma das estudantes ao perfil, sob anonimato.

Uma ex-aluna do Sartre, que é preta, falou de forma anônima com a Alma Preta e pontua que a omissão da instituição é frequente e revela o racismo estrutural que sempre existiu na escola. Ela também relembra que a escola malmente tinha preocupação com debates antirracistas. “É um espaço que segue sendo violento com nossos corpos e mentes”.

“A omissão do colégio só revela o quanto eles [coordenadores, diretores e pessoas que ocupam os cargos superiores] não estão preocupados, porque o que eu percebia quando estudava lá – o que não tem muito tempo – é que a preocupação quanto a essas questões raciais, de gênero, se dava mais por parte de alguns professores, mas a instituição acaba por ser conivente. Para ser bem sincera, o racismo no colégio Sartre está presente todos os dias e só as pessoas negras, racializadas, sabem da violência que existe dentro desses espaços. É um espaço que segue sendo violento com nossos corpos e mentes. É uma instituição enorme mas que sequer leva a sério a tentativa de propor uma educação antirracista, mesmo na capital mais negra fora da África”, pontua.

Caso deve ser levado ao Ministério Público

Após a repercussão do caso, o deputado federal Jorge Solla (PT-BA) informou que vai entrar com uma representação no Ministério Público da Bahia (MP-BA) para investigação da suposta omissão da instituição de ensino, considerada uma das mais caras de Salvador.

“A condução da direção do colégio diante dos fatos, caso comprovada verdadeira, é mais criminosa que as próprias ofensas raciais. A contemporização com o racismo por parte de adultos que tem como função educar é inconcebível; uma postura profundamente racista que oprime duramente os alunos negros deste colégio, um dos mais caros de Salvador, uma cidade profundamente marcada pelo racismo de sua elite com a ampla maioria de seu povo, negro”, informou o parlamentar.

Posicionamento Sartre – Escola SEB

Em nota enviada a Alma Preta, o Sartre – Escola SEB informou repudia comportamentos discriminatórios e preconceituosos e explicou que as mensagens de cunho racista ocorreram em um grupo com alunos de diversas escolas envolvidos na organização de uma festa particular e independente.

Disse também que, embora a situação tenha ocorrido fora do ambiente escolar, a instituição acionou uma comissão para investigar o caso e os alunos envolvidos foram afastados para as apurações.

“O Comitê de Ética está avaliando a situação a fim de encaminhar as devidas providências”, disse a instituição.

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  • Dindara Paz

    Baiana, jornalista e graduanda no bacharelado em Estudos de Gênero e Diversidade (UFBA). Me interesso por temáticas raciais, de gênero, justiça, comportamento e curiosidades. Curto séries documentais, livros de 'true crime' e música.

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