‘A quem interessa uma nação sem memória? Como o Brasil se tornou o país onde mais se matam pessoas LGBTQIA+? Ter clareza sobre o passado é uma forma de compreender o local em que vivemos’. Com essa premissa surge o Museu Bajubá, um espaço que busca preservar a memória e o patrimônio histórico e cultural da população LGBTQIA+. Todo o acervo está disponível online e gratuitamente para consulta neste link.
O Museu Bajubá é uma iniciativa da historiadora e pesquisadora Rita Colaço, especialista em memória LGBTQIA+ e doutora em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF). São cofundadores os pesquisadores Luiz Morando e Remom Matheus Bortolozzi, também especializados em memória LGBTQIA+ brasileira.
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Exposição inaugural: ‘Cintilando e causando frisson – 140 anos de João do Rio’
O Museu Bajubá inaugura sua programação com a exposição ‘Cintilando e causando frisson – 140 anos de João do Rio’. A iniciativa presta homenagem ao jornalista racializado e homossexual, morto há exatos 100 anos, que foi pioneiro na imprensa brasileira do início do século XX. João do Rio foi um repórter homossexual que se dedicava com profundidade, em suas crônicas sociais, a registrar as transformações urbanas. Alguns de seus textos abordam as vivências e locais de sociabilidade de pessoas que vivenciavam sexualidades fora do padrão daquela época.
A mostra é dividida em 10 eixos temáticos que somam cerca de 90 imagens. Elas abordam recortes como transformações urbanas, produção literária, atuação na ABL, momentos importantes da vida do autor e também sua morte. A exposição segue disponível até o dia 26 de novembro.
O autor, repórter e cronista João do Rio
Na sociedade carioca do início do século XX, o jornalista era considerado alguém fora da norma vigente – era racializado, homossexual, afeminado e obeso. Com esse perfil, foi vítima de provocações e ofensas por parte da intelectualidade da época. ‘Eles o inferiorizavam e humilhavam, diziam que ele tinha modos afrescalhados’, informa Morando.
Obstinado e talentoso, sua entrada na Academia Brasileira de Letras (ABL) só foi aceita após a terceira tentativa, aos 29 anos de idade. Sua morte, em 23 de junho de 1921, foi um acontecimento. Segundo relatos da imprensa, cerca de cem mil pessoas acompanharam o cortejo do funeral, numa época em que a população do Rio de Janeiro não passava de 800 mil habitantes.
Serviço
O que: Exposição: ‘Cintilando e causando frisson – 140 anos de João do Rio’
Quando: até 26 de novembro
Onde: Museu Bajubá
Valores: online e gratuita
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