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Novo projeto debate masculinidades LGBTQIA+ negras

Idealizado por Flip Couto, ‘Okó: Maskulinidades Transatlânticas’ traz reflexões sobre masculinidade, comportamento sexual e racialidadea partir de vivências, vídeo-performances e fanzine 

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nadine Nascimento I Foto: @Afr0P

trecho de vídeo-performance sobre masculinidades com homem caminhando

28 de junho de 2021

O projeto ‘Okó: Maskulinidades Transatlânticas’, que traz uma visão plural e diaspórica sobre o masculino, é lançado nesta segunda-feira (28), Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, a partir das 20h. A iniciativa idealizada pelo artista Flip Couto, de 38 anos, reúne vídeo-performance, podcast e zine. 

A palavra “ocó” significa “homem” em “Pajubá”, linguagem inspirada no idioma Iorubá, e é utilizada pela comunidade LGBTQIA+ para se comunicar sem ser percebida em espaços públicos. “Uma masculinidade performada por mulheres lésbicas, homens trans, homens gays, ou melhor, bichas pretas. Aí eu levo para um outro lugar de emoções, sentimentos e subjetividades, e as formas como esses corpos e essas masculinidades se deslocam”, diz Couto.

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Com direção de Malu Avelar e fotografia de Afrop, o trabalho gravado nos entornos dos terminais rodoviários do Jabaquara, Cachoeirinha e Lapa e inspirado no pensamento de Beatriz Nascimento, mapeia corpos que se fundem com os espaços públicos revelando outras subjetividades possíveis, para expandir a ideia da performance de gênero através de um olhar plural e sensível.

Com inspirações também em Osmundo Pinho, Alex Ratts, bell hooks, Audre Lorde, Stuart Hall, entre outros, as vídeo-performances refletem sobre a ‘coisificação’ e a ‘objetificação’ do corpo negro. “O que é o homem negro parado na esquina, qual é a relação com o público. Qual a imagem o meu corpo criava e qual relação isso cria com as pessoas que assistem”, pontua Couto.

O também idealizador do Coletivo AMEM começou nas artes com o street dance, nos anos 90, e, no começo dos anos 2000, entrou na Companhia Discíspulos do Ritmo, onde começou a desenvolver pesquisas sobre o corpo negro e a sua relação com os espaços urbanos.

O trabalho todo é inspirado na cultura Ballroom, criada pela comunidade negra e latina LGBTQIA+ dos EUA, com referências aos desfiles e caminhadas (runway). “Algumas vezes é uma caminhada cotidiana, em outras vezes é uma caminhada para se colocar no mundo, para ser visto e se impor”, afirma o artista.

Os episódios do podcast Rádio Okó irão ao ar entre os dias 28 de junho e 26 de julho com os convidados Viny Rodrigues, Pedro Guimarães, Formigão, Caru de Paula e Neon Cunha – que falam sobre racialidade, linguagem, padrões normativos, saúde e masculinidades plurais.

O projeto contempla a distribuição gratuita de 400 cópias de zines com textos de Alex Ratts, Ruda Terra Boa e ilustrações de Guilhermina Giusti. O projeto teve produção de Preto Téo.

“Na minha vivência eu compreendo que refletir masculinidades a partir da vivência trans é compreender o conceito de empatia na prática porque conceito de empatia é se colocar no lugar do outro”, acredita o produtor.

Leia mais: Série preta e periférica tem estreia marcada para o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+

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