Ícone da história de luta contra o preconceito racial em todo mundo, o ex-presidente Sul-africano, Nelson Mandela, é o homenageado de um projeto de vídeo mapping que resgata as memórias afrodiaspóricas da Bahia. Intitulado “Memórias negras projetadas: Viva Mandela”, a inicitiva é do coletivo Zumvi Arquivo Fotográficoé, que realizou uma intervenção urbana em Salvador exibindo mais 50 registros da história negra da região. Para difundir o acervo para o Brasil, nesta sexta-feira (26), o coletivo lança um vídeo narrado pela cantora Luedji Luna.
A produção é resultado de 30 anos de pesquisa do Zumvi Arquivo Fotográfico, coletivo fundado pelos fotógrafos afrodescendentes Lázaro Roberto, Ademar Marques e Raimundo Monteiro. Atualmente, a instituição é capitaneada pelo próprio Lázaro e pelo historiador José Carlos Ferreira Filho. Em acervo de mais de 30.000 registros, o zêlo em guardar fotos e fotogramas que abordam a imagem do negro no Brasil, a partir de olhares que recaem sobre a estética, festas e manifestações populares, passeatas, quilombolas, o labor, as relações familiares bem como a atuação dos movimentos negros na Bahia.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
Fotógrafo Lázaro Roberto abre seu acervo junto ao Coletivo Zumvi Arquivo Fotográfico, que conta com mais de 30.000 registros
“Senti uma emoção muito grande, aquele momento que a gente construiu o mapping, pois aquilo era algo que Lázaro queria há muito tempo. Ele fotografou aquilo em 1991. A vinda de Nelson Mandela, podemos considerar, é um dos momentos de auge do Movimento Negro Unificado, um momento de efervescência política. Salvador é a cidade mais negra fora da África e receber Mandela é muito simbólico e rico. Este material precisa ser divulgado e visto para que inspire o povo preto não só daqui, mas de todo o país”, afirma o historiador José Carlos Ferreira.
A ação incorpora uma homenagem de aniversário da visita de Nelson e Winnie Mandela quando viajaram à Bahia em 3 de julho de 1991, completando 30 anos em 2021. Como pano de fundo da ação, um dos maiores contingentes de resistência social e política da população negra de Salvador, o bairro da Liberdade.
Fotos e vídeos projetados em prédio ainda ganharão, na voz da cantora e compositora Luedji Luna, que participa especialmente do projeto, uma releitura de trechos da “Carta aberta a Nelson Mandela”, a qual o Movimento Negro Unificado (MNU) redigiu, na época da visita, para o ex-presidente Sul-africano.
Irmandade da Boa Morte aguardando a chegada do líder Nelson Mandela
A obra é fruto do incentivo da Lei Aldir Blanc, viabilizado pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e a Secretaria Especial da Cultura e Governo Federal. O resultado poderá ser visto digitalmente, pelo cenário de pandemia atual, e de forma gratuita no canal do coletivo no canal do YouTube e na página do Instagram a partir das 20h.