Olimpíadas 2024

Pesquisar
Close this search box.
Pesquisar
Close this search box.

África do Sul retoma reforma agrária de Nelson Mandela e gera tensão no país

7 de agosto de 2018

O presidente Cyril Ramaphosa já apresentou a emenda constitucional, cujo objetivo é expropriar terras de famílias descendentes de colonos holandeses

Texto / Anna Laura Moura
Foto /
ONE /Morgana Wingard

O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, pronunciou em rede nacional que implementará a reforma agrária no país, segundo a agência Reuters. Essa medida havia sido prometida pelo mandatário logo ao assumir a presidência do país, em fevereiro deste ano.

O objetivo da iniciativa é aprovar uma emenda à Constituição, que permita a distribuição de terra para os agricultores negros do país- esse grupo havia mostrado descontentamento com a demora para acontecer a reforma. O presidente já tem o apoio de seu partido, o CNA (Congresso Nacional Africano). Na proposta, os agricultores brancos e descendentes de famílias holandesas há mais de 400 anos terão suas propriedades retiradas.

Reforma Agrária e Nelson Mandela

A atitude de Ramaphosa não é inédita: em 1994, Nelson Mandela já havia prometido que 30% das fazendas e terras cultiváveis pertenceriam aos agricultores negros até o ano 2000.

Ainda assim, 18 anos após o prazo estabelecido de Mandela, os negros são proprietários de apenas 10% das terras sul-africanas, representando somente 1/3 da meta. Isso acontece em decorrência do Apartheid, período no qual os negros não tinham autorização para possuir bens. A medida concentrou todas as riquezas nas mãos dos produtores brancos.

O outro lado

Como era de se esperar, os agricultores brancos não receberam bem a notícia, principalmente porque a proposta do presidente não prevê nenhum tipo de recurso ou compensação. Eles acreditam que a distribuição das propriedades entre os negros iniciará processo de grilagem de terras no país. Segundo os descendentes dos holandeses, a produção agrária do país também poderá decair, gerando fome e miséria. Além disso, esse grupo acredita que negros não têm o devido conhecimento para cuidar da terra.

Em virtude da tensão estabelecida entre governo e produtores rurais, países como Rússia e Austrália já afirmaram que irão conceder vistos de emergência para os fazendeiros brancos que não desejarem ficar na África do Sul.

Leia Mais

Quer receber nossa newsletter?

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano