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Em meio a tensões entre os países, Etiópia apoia entrada de força de paz da UA na Somália

Um soldado da União Africana patrulha área na qual um ataque suicida do grupo autodenominado "Al-Shabaab" matou 12 pessoas e feriu 27, em Mogadíscio, 8 de setembro de 2014

Foto: Mohamed Abdiwahab/AFP

3 de janeiro de 2025

Nesta sexta-feira (3), o governo da Etiópia anunciou colaboração com forças da União Africana (UA) a serem enviadas à Somália para combater o grupo insurgente autodenominado Al-Shabaab. Os militares devem ser enviados ainda neste mês. A força tem apoio do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Anteriormente, as autoridades da Somália apontaram que as tropas etíopes não participariam da ação devido aos atritos entre os dois países — os maiores e mais populosos da região conhecida como Chifre da África. 

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A disputa entre os países gira em torno de um acordo assinado em dezembro entre a Etiópia e a Somalilândia — região separatista da Somália — para que os etíopes obtivessem acesso ao mar. Recentemente, Somália e Etiópia chegaram a um acordo sobre a questão, intermediado pela Turquia, no qual o governo somali se compromete a garantir um acesso ao mar a seus pares etíopes.

O presidente da Somália, Hassan Sheikh Mohamud, conversa com o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, em Mogadíscio, 9 de junho de 2022
O presidente da Somália, Hassan Sheikh Mohamud, conversa com o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, em Mogadíscio, 9 de junho de 2022 (Hassan Ali Elmi/AFP)

A ministra da Defesa da Etiópia, Aisha Mohammed, liderou uma visita de alto nível à Somália na quinta-feira (2), encontrando-se com o presidente da Somália, Hassan Sheikh Mohamud, e entregando uma mensagem do premiê etíope, Abiy Ahmed.

“As discussões reafirmaram o compromisso dos dois países de trabalharem juntos para garantir a paz e a estabilidade na Somália e na região”, disse um comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Etiópia, publicado nas redes sociais.

A publicação também fala especificamente sobre a missão da UA e afirma que Etiópia e Somália concordaram em colaborar na ação nomeada de Missão de Apoio e Estabilização da União Africana na Somália (AUSSOM, na sigla em inglês).

Por sua vez, um comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Somália disse que durante o encontro havia “expressado sua disposição de considerar a solicitação da Etiópia” sobre a AUSSOM”, porém sem fornecer mais detalhes.

O grupo autodenominado Al-Shabaab vem promovendo uma insurgência sangrenta contra o governo federal da Somália há mais de 17 anos e já realizou diversos atentados a bomba em Mogadíscio e em outras partes do país. Conforme aponta a agência AFP, embora tenha sido expulso da capital pelas forças da UA em 2011, o Al-Shabaab ainda tem forte presença na zona rural da Somália.

AUSSOM

O Conselho de Segurança da ONU deu sinal verde em 27 de dezembro de 2024 para a criação de uma nova missão da UA na Somália. Dos 15 membros do conselho, 14 aprovaram a Resolução 2767. A única abstenção partiu dos Estados Unidos, que alegaram preocupações financeiras com a ação.

A força de paz tem como objetivo substituir a Missão de Transição da União Africana na Somália (ATMIS, na sigla em inglês), apoiada pela ONU. Até ser retirada em 31 de dezembro, a ATMIS poderia ter até 12 mil soldados para combater o Al-Shabaab na região.

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) durante votação sobre resolução da adesão da Palestina como membro pleno da ONU, em Nova York, 18 de abril de 2024
O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) durante votação sobre resolução da adesão da Palestina como membro pleno da ONU, em Nova York, 18 de abril de 2024 (Angela Weiss/AFP)

A Somália e a Etiópia foram convidadas a participar da reunião do Conselho de Segurança, porém sem direito a voto. O representante da Somália aproveitou a ocasião para explicar que acordos bilaterais previam o fornecimento de cerca de 11 mil soldados para a AUSSOM de países parceiros.

O texto adotado incluía a possibilidade de usar um mecanismo criado pelo Conselho de Segurança no ano anterior para uma força da UA com o apoio da ONU e financiada em até 75% pelo órgão mundial.

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