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Guerra na República Democrática do Congo agrava crise humanitária e atinge hospitais

Conflitos entre forças congolesas e rebeldes do M23 deixam população sitiada e sem acesso a suprimentos
Equipe do Médico Sem Fronteiras (MSF) em hospital em Kayna, cidade da província de Kivu do Norte, na República Democrática do Congo. Guerra na região começa a afetar a estabilidade dos hospitais.

Equipe do Médico Sem Fronteiras (MSF) em hospital em Kayna, cidade da província de Kivu do Norte, na República Democrática do Congo. Guerra na região começa a afetar a estabilidade dos hospitais.

— Reprodução/Médico Sem Fronteiras

30 de janeiro de 2025

Os confrontos entre o exército da República Democrática do Congo (RDC) e o grupo rebelde M23 colocaram a cidade de Goma em colapso. O Hospital Kyeshero, um dos principais centros médicos da região, recebe dezenas de feridos diariamente, enquanto equipes do Médicos Sem Fronteiras (MSF) enfrentam ataques e falta de insumos.

Desde o início dos combates, hospitais e instalações humanitárias não foram poupados. Durante uma cirurgia no Kyeshero, uma bala perdida perfurou o teto da sala de operações. Profissionais do MSF relatam saques, agressões e restrições para atender vítimas.

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Os combates intensificados entre o M23 e o exército congolês fizeram com que Goma, capital da província de Kivu do Norte, ficasse isolada do restante do país. Entre os feridos, predominam mulheres e crianças atingidas por estilhaços e tiros. 

Desde 23 de janeiro, 142 pacientes foram tratados apenas no hospital Kyeshero, mas as condições médicas pioram a cada dia devido à escassez de suprimentos e os cortes de água e de eletricidade.

Interesses internacionais por trás do conflito no Congo

A guerra na RDC não se resume a disputas políticas ou territoriais. O país abriga uma das maiores reservas mundiais de coltan e cobalto, minérios essenciais para a produção de eletrônicos e baterias. Empresas multinacionais são frequentemente acusadas de financiar grupos armados para manter a instabilidade na região e facilitar a extração ilegal de recursos naturais.

Ruanda, apontada como apoiadora do M23, é uma das principais rotas de escoamento desses minérios para o mercado global. O governo congolês já notificou empresas internacionais, incluindo a Apple, pela compra de minérios extraídos de zonas de conflito.

Além disso, a guerra tem impactos devastadores sobre o meio ambiente. A Floresta Tropical do Congo, a segunda maior do mundo, sofre com a extração descontrolada de madeira e caça ilegal para financiar grupos armados.

Crimes de guerra e impunidade

Relatórios da Anistia Internacional apontam que ambos os lados do conflito – o exército congolês e o M23 – utilizam armas explosivas em áreas civis densamente povoadas, o que configura crime de guerra. Nos últimos meses, mais de 100 civis morreram e centenas ficaram feridos em ataques indiscriminados.

A violência forçou mais de 650 mil pessoas a viverem em acampamentos ao redor de Goma. Entretanto, até esses locais foram atingidos pelos combates e obrigou a população deslocada a fugir novamente.

“O impacto deste conflito na população civil é enorme. Além dos feridos e  mortos, estamos recebendo relatos devastadores de acampamentos de pessoas deslocadas internamente onde nossas equipes não podem mais ir”, alerta  Stephan Goetghebuer, coordenador de projetos do Médicos Sem Fronteiras em Kivu do Norte.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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