Segundo o mais recente relatório da organização não governamental (ONG) Decide, divulgado nesta terça-feira (10), cerca de 3.598 pessoas já foram presas nas manifestações pós-eleição em Moçambique. A iniciativa é formada pela sociedade civil e, desde 2023, monitora os processos democráticos do país.
A tensão política teve uma grande escalada após as eleições gerais, realizadas no dia 9 de outubro deste ano. O resultado, que foi recebido com protestos pela oposição e por diversos setores da população, favoreceu o candidato Daniel Chapo. O político integra a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido que governa a nação desde a independência, em 1975.
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Além de denúncias de fraude eleitoral, a oposição aponta irregularidades em favorecimento da legenda vigente, instrumentalização de instituições estatais e forte repressão, com violações aos direitos humanos.
O relatório da ONG também destaca que, desde o início dos protestos, em 21 de outubro, ao menos 329 pessoas foram baleadas e 110 foram mortas em confrontos entre manifestantes e a polícia. Somente no período de 3 a 7 de dezembro, há o registro de 27 mortes.
Em coletiva de imprensa realizada em Maputo, capital moçambicana, na última segunda-feira (9), a Polícia da República de Moçambique (PRM) informou que 77 pessoas foram detidas e, no mínimo, 47 ficaram feridas em confrontos entre manifestantes e policiais nos últimos cinco dias de protestos.
De acordo com Orlando Mudumane, porta-voz do órgão, cerca de 119 processos-crimes foram submetidos ao Ministério Público, que participará das investigações em curso contra os atos.