A ONG Human Rights Watch (HRW) denunciou que os militares e os paramilitares envolvidos no conflito em curso no Sudão têm cometido graves crimes de guerra, incluindo execuções sumárias, atos de tortura e mutilação de cadáveres.
O conflito, que se arrasta desde 15 de abril de 2023, opõe o Exército do general Abdel Fattah al Burhan às Forças de Apoio Rápido (FAR), lideradas pelo general Mohammed Hamdan Daglo.
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De acordo com a ONG, uma análise de vídeos publicados nas redes sociais revelou que cerca de 40 pessoas foram executadas sumariamente, enquanto 18 prisioneiros foram submetidos a tortura e maus-tratos. A organização também documentou a mutilação de oito corpos, muitos por indivíduos em uniformes militares, enquanto outros vestiam roupas civis. A HRW destacou que, em todos os casos analisados, as vítimas não estavam armadas nem representavam uma ameaça aos seus captores.
“Os militares e paramilitares envolvidos no conflito se sentem tão impunes que repetidamente se gabam de executar, torturar e desumanizar detidos, além de mutilar seus corpos”, afirmou Mohamed Osman, pesquisador da HRW sobre o Sudão. A organização apelou para que esses crimes sejam investigados como crimes de guerra e que os responsáveis, incluindo comandantes militares, sejam responsabilizados.
A guerra no Sudão já causou milhares de mortes, com a ONU estimando até 15 mil vítimas apenas em uma cidade na região de Darfur. A violência étnica desencadeada pelas Forças Paramilitares de Apoio Rápido (RSF) e milícias árabes aliadas é apontada como uma das principais causas das mortes em 2023.
O conflito também gerou uma grave crise humanitária no país. Especialistas da ONU alertam que quase 9 milhões de pessoas estão deslocadas internamente e vivendo em condições desastrosas. Além disso, cerca de 25 milhões de pessoas, incluindo 14 milhões de crianças, necessitam urgentemente de ajuda humanitária.