Os Países Baixos anunciaram nesta quarta-feira (19) a devolução de 119 bronzes de Benin à Nigéria. As peças, saqueadas em 1897 por tropas britânicas no antigo reino de Benin, foram revendidas e integradas às coleções do Wereldmuseum de Leyde e do município de Roterdã.
O anúncio foi feito pelo ministro holandês de Cultura, Educação e Ciência, Eppo Bruins, que afirmou que a restituição contribui para reparar uma injustiça histórica.
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As esculturas, criadas entre os séculos XVI e XVIII pelo povo edo, retratam figuras da corte real, animais e elementos simbólicos. Segundo Olugbile Holloway, diretor-geral da Comissão Nacional Nigeriana de Museus e Monumentos, essa devolução representa a maior restituição direta de antiguidades de Benin relacionadas à expedição britânica de 1897.
“Esperamos que seja um bom exemplo para outros países do mundo”, afirmou Holloway.
Pressão por devolução de artefatos saqueados cresce
A Nigéria tem pressionado países ocidentais para reaver as peças retiradas durante o período colonial. Em 2022, a Alemanha iniciou a devolução de itens de sua coleção de bronzes de Benin. Já o Museu Britânico de Londres, que abriga uma vasta coleção dessas esculturas, recusa-se a devolvê-las, citando uma lei de 1963 que impede a restituição de obras de seu acervo.
O debate sobre a devolução de artefatos saqueados tem ganhado força nos últimos anos. Ernesto Ottone, diretor-geral adjunto da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), afirmou que uma nova geração de jovens africanos têm ampliado a pressão sobre museus ocidentais para que as obras retornem aos países de origem.
“Nos últimos cinco ou seis anos, temos visto pressão nas ruas”, disse Ottone em conferência da UNESCO na Etiópia. Ele destacou que, embora haja avanços, o processo de devolução é complexo e depende das legislações de cada país.