A Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) saiu em defesa da Nigéria após acusações do Níger de que Abuja estaria planejando desestabilizar o país vizinho.
Durante transmissão televisiva no Natal, o líder militar do Níger, general Abdourahamane Tchiani, acusou a Nigéria de abrigar dois cidadãos franceses expulsos pelo país acusados de atividades contra o governo.
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O líder nigerino também atacou a Cedeao e alegou que a França estabeleceu uma base na Nigéria para armar grupos terroristas na região do Lago Chade e fomentar distúrbios no Níger.
“As autoridades nigerianas não estão alheias a essa ação dissimulada”, disse Tchiani. “Isso fica perto de uma floresta próxima a Sokoto, onde eles queriam estabelecer um reduto terrorista conhecido como Lakurawa […]. Os franceses e o EIAO fizeram esse acordo em 4 de março de 2024”, acrescentou, referindo-se ao grupo jihadista Estado Islâmico na África Ocidental (EIAO).
No início de dezembro, o chanceler do Níger convocou o encarregado de negócios da embaixada nigeriana, acusando o país vizinho de “servir como base de retaguarda” para “desestabilizar” o país. A convocação de representantes diplomáticos de um país é um tipo de reprimenda na relação entre nações. Níger e Nigéria dividem uma fronteira de quase 1,5 mil quilômetros de extensão.
A Cedeao e a Nigéria negaram as acusações. “Durante anos, a Nigéria tem apoiado a paz e a segurança de vários países, não apenas na sub-região da África Ocidental, mas também no continente africano”, disse o bloco regional em um comunicado publicado na quinta-feira (26). “A Cedeao, portanto, refuta qualquer sugestão de que um país tão generoso e magnânimo se tornaria um patrocinador estatal do terrorismo”, acrescenta a nota.
O ministro da Informação da Nigéria, Mohammed Idris, também se manifestou em nota oficial publicada na quinta-feira (26), negando quaisquer alianças com a França “ou qualquer outro país” para desestabilizar o Níger.
O presidente da Nigéria, Bola Ahmed Tinubu, que atualmente lidera a Cedeao, chegou a considerar oficialmente junto à organização uma intervenção militar regional para reintegrar o presidente deposto do Níger, Mohamed Bazoum, em 2023. Apesar disso, o ministro Idris garantiu que a Nigéria está aberta ao diálogo com o Níger. “A Nigéria continua comprometida com a promoção da estabilidade regional e continuará a liderar os esforços para enfrentar o terrorismo e outros desafios transnacionais”, disse.
Com sede na capital nigeriana, Abuja, a Cedeao reúne originalmente 15 países da África Ocidental, incluindo Níger e Nigéria. Apesar disso, as lideranças nigerinas se afastaram da organização após o levante militar no país que levou Tchiani ao poder, em 2023. Assim como outros recentes levantes na região, o novo governo do Níger tem posições abertas contra a França, que colonizou a maior parte da região e mantém influência militar, política e econômica nas ex-colônias.
Texto com informações da AFP.