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Tráfico de órgãos em África atinge nível epidêmico e preocupa entidades internacionais

O transplante de órgãos tem sido frequentemente impulsionado pela pobreza; prática ilegal fomenta as chamadas "fábricas de bebês", especialmente na Nigéria
Imagem mostra uma pessoa negra com uma cicatriz no abdômen, em alusão à cirurgia de remoção de órgãos.

Foto: AFP

19 de setembro de 2024

Um estudo da Global Financial Integrity (GFI), entidade dedicada a questões de corrupção, comércio ilegal e lavagem de dinheiro, estimou que o tráfico de pessoas para a remoção de órgãos gera entre 840 milhões e 1,7 bilhão de dólares anualmente. O relatório destaca que, na África, essa prática violenta alcançou proporções epidêmicas, muitas vezes ignoradas pela sociedade. 

A doação e o transplante de órgãos são procedimentos médicos reconhecidos e essenciais para pacientes com falência de órgãos, sendo geralmente bem-sucedidos quando realizados com consentimento adequado e transparência.

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Entretanto, há preocupações de que o transplante de órgãos seja frequentemente impulsionado pela pobreza em África, em vez de um desejo genuíno de salvar vidas, conforme aponta o advogado de direitos humanos Frank Tietie ao Jornal DW.

“Indivíduos estão vendendo seus órgãos a médicos desonestos, que podem prejudicar a saúde de seus pacientes sem que eles tenham conhecimento”, afirma o jurista. 

Apesar da falta de informações claras sobre o tráfico ilegal de órgãos, acredita-se que países como Egito, Líbia, África do Sul, Quênia e Nigéria sejam os mais afetados. 

O relatório da Global Financial Integrity destaca ainda que a perspectiva de ganhos financeiros com órgãos humanos na África é o estopim para as chamadas “fábricas de bebês”, especialmente na Nigéria. Essas crianças são alvos de traficantes de órgãos.

As razões para essa situação são complexas e o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) levantou preocupações sobre o tráfico de pessoas para remoção de órgãos, conhecido como turismo de transplante, em que órgãos de populações vulneráveis são transferidos para receptores mais abastados. 

Segundo o Observatório Global sobre Doação e Transplante de Órgãos, menos de 10% dos transplantes necessários são realizados globalmente, o que leva alguns pacientes a buscarem órgãos de forma ilegal. 

Além disso, a quantidade de centros médicos que realizam transplantes legais na África é bastante limitada, de acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS). A entidade identificou apenas 35 centros de transplante de rins no continente.

  • Caroline Nunes

    Jornalista, pós-graduada em Linguística, com MBA em Comunicação e Marketing. Candomblecista, membro da diretoria de ONG que protege mulheres caiçaras, escreve sobre violência de gênero, religiões de matriz africana e comportamento.

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