A Cia de Teatro da Universidade Federal da Bahia (UFBA) irá montar a sua 59ª obra, o espetáculo “O Pregador – Teatro-Fórum Antirracista”, com direção de Licko Turle, que também orientou o processo coletivo de dramaturgia ao lado da autora carioca Helen Sarapeck, utilizando as técnicas do Teatro do Oprimido, de Augusto Boal.
Para montagem da peça, a Cia abriu uma chamada pública para seleção de seis artistas que irão compor o elenco, a ocorrer em três etapas: participação no seminário “Meu Caro Amigo … Augusto Boal”, envio de vídeo apresentação e audição presencial com equipe de criação.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
As inscrições para as duas primeiras fases – seminário e envio de vídeo apresentação – são separadas e ocorrerão até 14 de maio de 2024. As ações integram o projeto “Estudos em Teatro do Oprimido: práticas político-pedagógicas”, do edital Pró-Humanidades do CNPQ (2023), que teve início em janeiro de 2024, com o curso de pós-graduação lato sensu “Especialização em Teatro do Oprimido”, sob a coordenação da docente e doutora em artes Antônia Pereira.
Para se inscreverem no processo de audição, os interessados devem acessar o site do Grupo de Estudos em Teatro do Oprimido (GESTO) ou preencher formulário e enviar um vídeo curto de até dois minutos descrevendo a trajetória/experiência artística e as expectativas/interesses para participar do projeto.
Nesta primeira etapa da audição, serão selecionados até 30 artistas, com o resultado a ser divulgado no site do GESTO.
A última e terceira etapa é a participação de um circuito de oficinas presenciais, que ocorre de 21 a 23 de maio, de dança e música (afro-brasileiras), leitura/interpretação de textos e jogos improvisacionais, tudo orientado pela equipe de criação do espetáculo (coreógrafa, diretor musical, encenador, preparadora vocal). No final, serão selecionados até seis artistas, entre atores e atrizes, profissionais e estudantes de Artes Cênicas e Bacharelado Interdisciplinar em Artes da UFBA. O resultado será divulgado no site do GESTO.
Montagem
“O Pregador – Teatro-Fórum Antirracista” é o terceiro espetáculo da Cia de Teatro da UFBA com tema, direção, elenco e equipe de criação de pessoas negras. Antes, foram encenadas “Gusmão- o Anjo e sua Legião” (2017) e “Pele Negra, Máscaras Brancas “(2019). O texto narra a trajetória de Clara, mulher e estudante preta, que tenta fugir do destino trágico, impingido aos corpos negros pela sociedade racista.
A obra tem em seu subtítulo o descritivo “Teatro-Fórum Antirracista”, escolhido propositalmente pelo diretor e curinga do espetáculo, Licko Turle, para debater o racismo e marcar os 15 anos da morte de Augusto Boal (2009) – com quem trabalhou e criou o Centro de Teatro do Oprimido no Rio de Janeiro em 1986.
O período de ensaios de “O Pregador – Teatro-Fórum Antirracista” ocorrerá entre maio e julho de 2024, com encontros de segunda a sexta, no horário das 08h às 13h, na UFBA. A estreia do espetáculo está prevista para 25 de julho de 2024, com temporada até 18 de agosto de 2024, no Teatro Martim Gonçalves. D
As pessoas interessadas no seminário “Meu Caro Amigo … Augusto Boal” também devem se inscrever no site do GESTO ou através do formulário disponibilizado. O evento, que ocorre dias 13 e 14 de maio, tem por objetivo partilhar com o público a dinâmica do sistema desenvolvido pelo teatrólogo brasileiro, que propõe a conversão do espectador(a) em “espect-ator” (atriz) e entrar em cena substituindo a personagem oprimida.
No dia 13 de maio, às 15h, o seminário contará com a presença de Geo Britto, autor do livro “Augusto Boal – e a formação do Teatro do Oprimido”. Britto trabalhou no Centro de Teatro do Oprimido (CTO) por 32 anos, sendo 20 destes com Augusto Boal. O seminário, que é aberto a todes estudantes da UFBA e ao público interessado na temática, acontecerá no auditório da Faculdade de Comunicação da UFBA, em Ondina.
Licko Turle destaca que, o Teatro do Oprimido configura-se como um amplo campo de investigação que se estende para além da esfera propriamente artística e alcança o patamar educacional, de formação não somente de atores, mas, também, de não atores ‘com vontade de dizer algo através do teatro’, incluindo-se, aqui, profissionais de distintas áreas como pedagogia, comunicação, saúde, psicologia, ciências sociais, entre outras.