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Residência artística gratuita para mulheres negras e indígenas é promovida em Minas Gerais

As artistas selecionadas podem vivenciar sua arte com todo o material de trabalho, ajuda de custos e passeios inspiracionais na região

Texto: Caroline Nunes | Edição: Nadine Nascimento | Imagem: Aniké Pellegrini

Atividades na primeira residência artística da Refazenda Rio Xopotó

26 de agosto de 2021

A Refazenda Rio Xopotó, em Minas Gerais, promove sua primeira residência artística gratuita para mulheres negras e indígenas até o dia 10 de setembro. O projeto propõe um encontro de artistas a fim de dialogar sobre um amanhã possível por meio da arte. Para participar não há nenhum tipo de processo seletivo, basta entrar em contato com a curadoria da ação e solicitar mais informações.

“A residência é um projeto idealizado por um grupo de amigos, que não enxergam o mundo sem pessoas negras e indígenas em papéis de liderança, na tomada de decisões e à frente da arte. Somos os originários e tradicionais povos. Somos o Brasil. E precisamos descolonizar nosso olhar, nossa forma de criar projetos para fortalecer o que é nosso”, explica uma das idealizadoras, a produtora e relações públicas Patrícia Durães.

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Além da hospedagem e todo o material de trabalho, o projeto ainda oferece ajuda de custo, alimentação orgânica e passeios inspiracionais para reconhecimento do território da região, como trilhas, cachoeiras, apresentação dos produtores agrícolas locais, visitas às cidades adjacentes, além de contato com a cena artística mineira através da Semana Criativa de Tiradentes.

Trabalho de Mayara Amaral, uma das artistas selecionadas para a residência | Créditos: Aniké PellegriniTrabalho de Mayara Amaral, uma das artistas selecionadas para a residência | Créditos: Aniké Pellegrini

Organização

“Sabemos que residências artísticas acontecem em territórios internacionais mas que não são sempre acessíveis. Poder proporcionar tempo, espaço e recursos a artistas novas foi a nossa grande motivação. Esse é um projeto pensado por mulheres negras para fomentar o pensamento artístico e criativo de outras mulheres negras e indígenas, bem como apresentar a elas um pouco desse viver mineiro, na atemporalidade da roça, no Distrito de Desterro do Melo”, comenta Patrícia.

A escritora e social media Aniké Pellegrini também é uma das idealizadoras da residência artística. Já a curadoria das artistas ficou aos cuidados de Bárbara Alves, fundadora do Descolonizarte, portal de divulgação de artistas racializados de diferentes lugares do mundo. A residência também conta com Thayná Paulino, cozinheira convidada para a temporada e que fica responsável pela parte nutricional e de alimentação das artistas e equipe.

Prato da chef Thayná Paulino, oferecido às artistas da residência | Créditos: Aniké PellegriniPrato da chef Thayná Paulino, oferecido às artistas da residência | Créditos: Aniké Pellegrini

Futuro

O objetivo das produtoras é propor a residência artística como um projeto anual na Refazenda. Patrícia Durães relata ainda que o projeto visa, a curto e médio prazo, fortalecer o trabalho de artistas nacionais, voltar o olhar para a arte e ao que está sendo produzido pela juventude. Nesta primeira edição, a residência contou com o apoio da Prefeitura Municipal de Desterro do Melo.

“A longo prazo, o objetivo é de que esse projeto tenha outras edições, então que a gente consiga patrocínio de marcas e apoio de patronos, galerias, merchans, para que possamos realizar outras residências na própria Refazenda e exposições de arte na cidade”, finaliza Patrícia.

A Refazenda está na área rural de Desterro do Melo, entre as cidades de Barbacena e Tiradentes. De acordo com a organização do projeto, se trata de uma casa coletiva, “ocupada temporariamente por quem precisa de cuidado e quer cuidar; anseia mato, cachoeira e céu estrelado e quer transformar a sua rotina na cidade; aspira novos cheiros e sabores e quer outros sentidos para a vida”.

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