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‘A população preta está morrendo sob a tutela do Estado’, afirma ativista em seminário do MPF

Evento promovido na sede da Procuradoria da República, no Rio de Janeiro, discutiu o genocídio negro e o papel do Estado na perpetuação das desigualdades e violências contra a população negra
Imagem do seminário "Por que precisamos falar de genocídio negro?", promovido pelo Ministério Público Federal. Na ocasião, procuradores e representantes de entidades e movimentos uniram-se para discutir a violência contra a população negra e alternativas de atuação.

Foto: Divulgação Ascom PR/RJ

19 de julho de 2024

Na última quarta-feira (17), a Procuradoria da República no Rio de Janeiro sediou o seminário intitulado “Por que precisamos falar de genocídio negro?”, promovido pelo Ministério Público Federal (MPF) em parceria com a iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial (IDMJR). O evento reuniu ativistas, procuradores e especialistas para discutir as violações de direitos enfrentadas pela população negra no Brasil.

Durante o seminário, Giselle Florentino, representante da IDMJR, apresentou dados sobre a violência direcionada à população negra. “A cada três pessoas presas, duas são negras. Oito a cada dez pessoas mortas pela polícia são negras“, afirmou a ativista.

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O procurador regional dos Direitos do Cidadão, Jaime Mitropoulos, ressaltou as origens históricas da violência contra os negros e o papel do Estado na sua perpetuação. “O Estado brasileiro contribuiu de forma determinante para a estruturação e institucionalização desse sistema de poder. Um sistema controlado pela classe dirigente que herdou uma mentalidade patriarcal e senhorial”, explicou Mitropoulos, segundo nota do MPF.

Julio José Araujo Junior, procurador regional dos Direitos do Cidadão adjunto, abordou o conceito de genocídio, destacando que ele deve ser entendido como um processo contínuo, e não apenas como eventos isolados. “São genocídios a cada episódio, a cada situação que se enquadre nessa compreensão”, disse Araujo Junior. Ele enfatizou a importância de prevenir genocídios e responsabilizar não apenas penal, mas também civilmente, aqueles que os praticam.

Dados sobre a violência direcionada à população negra foram destacados durante o evento. (Divulgação Ascom PR/RJ)

Giselle Florentino, na abertura do evento, traçou um panorama da gravidade da situação da população negra no país. “A população preta está morrendo sob a tutela desse Estado. Precisamos pensar em saídas e na responsabilização desse Estado”, afirmou. 

A mesa de abertura contou também com Lúcia Xavier, da entidade “Criola“, e Patrícia Oliveira, da Agenda Nacional pelo Desencarceramento.

A segunda mesa do seminário abordou o tema “Construindo uma agenda contra o genocídio” e incluiu participações de Amauri Pereira, do Fórum Ubuntu; Daniel Otaviano, do Fórum Popular de Segurança Pública; Jurema Werneck, da Anistia Internacional; Wanda Araújo, do Ilê Asè Egi Omin; e Denilson Araújo de Oliveira, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF). Segundo Araújo de Oliveira, o genocídio negro atual tem raízes no Brasil colonial. “O racismo foi estruturando as instituições e a forma como nos constituímos enquanto ‘ser'”, concluiu.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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