A proporção da população negra (preta e parda) com ensino superior completo no Brasil aumentou mais de cinco vezes entre 2000 e 2022, segundo dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As informações, divulgadas na manhã desta quarta-feira (26), mostram que o percentual de pretos com nível superior completo subiu de 2,1% para 11,7%, enquanto entre pardos o índice passou de 2,4% para 12,3%.
Apesar do avanço, a desigualdade racial na educação persiste. A taxa de conclusão do ensino superior entre brancos foi de 25,8% em 2022, o dobro da registrada para pretos e pardos. O levantamento do IBGE revela que a população negra ainda enfrenta dificuldades para avançar no ensino.
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A proporção de pessoas pretas e pardas sem instrução ou com fundamental incompleto ainda supera 40%, enquanto entre brancos esse índice é de 29,2%. O cenário reflete as desigualdades estruturais que limitam as oportunidades educacionais para grupos historicamente marginalizados.
Desafios regionais e disparidades nas áreas de formação
Em regiões mais pobres, a evasão escolar também se mostra um desafio significativo, com muitos jovens abandonando os estudos devido à necessidade de ingressar precocemente no mercado de trabalho. Municípios de regiões periféricas apresentam os menores índices de escolarização superior. Em cidades como Belford Roxo (RJ), São João de Meriti (RJ) e Francisco Morato (SP), menos de 7,5% da população com 25 anos ou mais possui diploma universitário.
O acesso ao ensino superior também varia de acordo com a área de formação. Em cursos como Medicina, 75,5% dos graduados em 2022 eram brancos, enquanto apenas 2,8% eram pretos e 19,1% pardos. Já em Serviço Social, a presença negra é maior: 40,2% dos graduados eram pardos e 11,8% eram pretos.
As mulheres apresentam maior nível de instrução em comparação aos homens. Em 2022, 20,7% das mulheres com 25 anos ou mais tinham nível superior completo, contra 15,8% dos homens. No entanto, as desigualdades raciais se mantêm: entre as mulheres brancas, 25,8% têm ensino superior, enquanto entre as pretas e pardas, os percentuais são de 11,7% e 12,3%, respectivamente.
Segundo o IBGE, as informações do estudo reforçam a necessidade de políticas públicas voltadas à ampliação do acesso ao ensino superior nas áreas de maior vulnerabilidade. O déficit na educação básica, especialmente no ensino médio, também impacta diretamente o ingresso da população negra nas universidades, com dificuldades relacionadas à qualidade da educação e ao acesso a cursinhos preparatórios para o ensino superior.